terça-feira, 31 de julho de 2007

PARA ALÉM DAS NUVENS, PAIRARÁ SEMPRE O ESPÍRITO

L'Avventura (Itália/França, 1960),
de Michelangelo Antonioni (1912 — 2007).

segunda-feira, 30 de julho de 2007

VAI-SE O CORPO, FICA A ALMA NA OBRA

O Sétimo Selo (Suécia, 1957),
de Ingmar Bergman (1918 — 2007)

DO SCOUTING

Não sei porque carga d'água, logo após a anterior obsessiva série de postais, veio-me à cabeça scouting e street-casting, e o diabo a sete — e à solta. E, vai daí, lembrei-me que este ano se comemoram os cem anos da fundação do escutismo por Baden-Powell; e, bem a propósito, foi recentemente traduzida e publicada a sua autobiografia, na nossa terrinha. Está-me cá a parecer que muita gente nova ganharia com a sua leitura. Então, cá vai: A Escola da Vida, de Robert Baden-Powell, edição Ésquilo, 2007.

40º EM CLOSE UP

Emmanuelle Béart.

40º MESMO DISTRAÍDA

Emmanuelle Béart.

40º EM PALCO

Emmanuelle Béart.

40º DENTRO D'ÁGUA E A CORES

Emmanuelle Béart.

40º DENTRO D'ÁGUA E A PRETO E BRANCO

Emmanuelle Béart.

40º AO SOL!

Emmanuelle Béart.

40º À SOMBRA!

Emmanuelle Béart e Fanny Ardant
em Nathalie (França/Espanha, 2003)
de Anne Fontaine.

domingo, 29 de julho de 2007

LEITURAS EM REDE (7)

E, para terminar: Da Literatura, um blogue onde dá gosto ver como é tratada a Língua Portuguesa.

LEITURAS EM REDE (6)

De quando em vez gosto de espreitar a Geração de 60, até porque — entre outras razões — há por lá um rapaz que já foi muito cá de CASA.

LEITURAS EM REDE (5)

Para ler com todo o tempo do mundo, e saborear, encontra-se na rede o belo blogue de Luis Carmelo. Coisa rara, mas boa, porque autêntica, esta de dar o seu próprio nome ao «URL» do blogue.

LEITURAS EM REDE (4)

Quanto ao Portugal dos Pequeninos, já se sabe. Só quem não tiver unhas para uma prosa lúcida e cortante se deverá abster de por lá passar diariamente.

LEITURAS EM REDE (3)

No Portugal Contemporâneo também se aprende, embora não seja aconselhável a quem se guie pela cartilha do «politicamente correcto» ou esteja muito agarrado à sua.

LEITURAS EM REDE (2)

Ler o André Azevedo Alves é um regalo. E há que esperar pelo regresso de férias do Rui Carmo, cuja prosa também aprecio bastante. Verdade seja dita que não conheço esses Senhores de parte nenhuma. Escrevem n'O Insurgente.

LEITURAS EM REDE (1)

Sou mais de charutos e cigarrilhas, mas agrada-me — volta e meia — dar uma cachimbada.

A PROPÓSITO DAS BELAS-LETRAS

O meu amigo Bruno Oliveira Santos completou ontem quatro anos de presença marcante na blogosfera com o seu Nova Frente. Fosse ele um rapazinho alinhado com o Sistema e seria um «escritor de referência». Parabéns e um abraço.

LÁ E CÁ É TUDO A MESMA TRAMPA

Os ingleses tiveram Chaucer e Shakespeare. Quinhentos anos depois, inventaram o «Basic English». Língua infantil esta, com apenas quinhentas palavras, para exportação para todo o mundo. A maltinha modernaça à brava mete hamburger pela goela adentro e cospe inglês básico pela boca fora.
Por cá, trocaram o rico vocabulário de Gil Vicente e Camões pela meia-dúzia de palavrinhas dos noticiárias e tele-novelas. É confrangedor observar alguém à procura da palavra certa para traduzir uma emoção ou uma ideia e não conseguir encontrá-la. Pois, pudera; o vocabulário da nossa juventude já é muito inferior aos seus sentimentos.

CINCO ESTRELAS II

Sunset Boulevard (E. U. A., 1950), Billy Wilder
Pude rever, na passada noite, numa simpatiquíssima sessão privada e em excelentes condições de projecção, um dos 10 filmes que levaria para a tal ilha deserta. Sempre me pareceram parvos esses inquéritos, mas, hoje, que ninguém me perguntou nada, apeteceu-me finalmente responder a mim próprio. E, fica aqui escrito, preto no branco.
Um especial bem-haja à P. e ao J. e mais beijos à R. e à M. e mais um abraço ao P.

sábado, 28 de julho de 2007

DO IT YOURSELF

Não uso neste blogue a ferramenta que o Blogger disponibiliza para agrupar as «mensagens» (postais) em «categorias». Até porque, quem quiser, pode introduzir a(s) palavra(s) correspondente(s) ao que procura em «pesquisar no blogue» (no canto superior esquerdo) e encher a página, ou ficar a arder, com a informação que busca. Também faço o mesmo, sempre que preciso. Acabei de o fazer, por curiosidade, para António Ferro.

NOTÍCIAS QUE DÁ GOSTO DAR

O meu antiquíssimo e bom amigo PedroV estreia-se verdadeiramente na blogosfera (pois no Filipa de Lencastre não «posta» nada) com Rita Ferro — e todos e tudo! — no Criativamente.Rita. Possa o Espírito do Futuro de António Ferro guiá-los!

CINCO ESTRELAS I

Enquanto o Sol, lá fora, queima a pele e seca o cérebro — disse-mo, assim mesmo, certa vez, uma amiga psiquiatra —, e depois de ter almoçado no Entre Copos (não ia lá desde o Jantar dos Filipados de 2007 — cá estou eu, no centro da fotografia), tiro a tarde para pôr visionamentos em dia. Assim sendo, finalmente — de empreitada, mas com agradável surpresa —, vi: Waking Life (2001) de Richard Linklater (obrigado à, minha atenta aluna — não digo «ex», pois são para a vida — da ETIC, C.) e De Fem Benspaend (2003) de Jorgen Leth e Lars Von Trier (obrigado à, muito cá de CASA, Rita).

SILÊNCIO, VAI-SE CANTAR O CORPO (E A ALMA)

Que me desculpem os meninos, mas isto aqui é só para homens de barba rija.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

PARA MIM

Carla Bruni por Karl Lagerfeld.

PARA O TOMAZ HIPÓLITO

Julie Delpy por Karl Lagerfeld.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (7)

E pensava
enquanto acariciava Lisboa
num vagaroso mas vigoroso travelling
registando uma cidade deserta e destruída
em plano-sequência mental
que aquele chauffeur de táxi
mudo e velho
mas que sabia captar
apreciar e classificar
o seu aroma
como ninguém
era ainda a única pessoa que tinha pedalada para a acompanhar
nas suas deambulações
de vinte e quatro horas diárias
como hoje e sempre
depois do matinal banho de emersão a céu aberto
ritualizando a redenção
e da habitual dança solitária ao nascer do Sol
dando corpo ao manifesto
transportando-a ele sucessivamente em direcção
às leituras privadas a pedido
de manhã e à tarde
dando voz ao manifesto
às subidas aos arranha-céus
ao cair da noite
procurando um porto de abrigo
na normalidade dos lares
aos bailados eróticos públicos
num clube de streap-tease
profanando o corpo
às actuações como vocalista
num clube de rock
profanando a voz
à prática compulsiva de sexo
com desconhecidos arrancados à noite
de novo em casa
ritualizando o amor e a morte
ao banho no lago
ritualizando a recuperação da alma

quinta-feira, 26 de julho de 2007

ADENDA ONTOLÓGICA

É caso para dizer: perguntam-me quem sou, respondo o que faço. Para os ingleses, seria suficiente. Aliás, a pergunta típica nessas terras é: «em que escola andou?»; e, a resposta diz logo tudo o que é preciso saber sobre o indivíduo, incluindo os seus hábitos à mesa e na cama — lugares do supremo teste da educação, e, portanto, do ser. O portuga é mais místico: quer logo conhecer — de atracão — o ser todo, à primeira, e tem ainda a lata de o perguntar, estupidamente. E, como se sabe: a quem tudo quer saber, directa e apressadamente, nada se lhe diz.
Um dia hei-de voltar a este assunto.

TO BE OR NOT TO BE

Tenho a sorte de possuir um apelido raro. Poderia chamar-me Lopes, ou Rodrigues, ou qualquer outro vulgar patronímico, mas não. Mesmo assim, acontece chegarem-me aqui e-mails destinados a outro(s), com a conjugação do mesmo primeiro nome próprio e último apelido, mas, ao que parece, mais novito(s). É obra! Graças a Deus, o Blogger — exactamente a partir de hoje — voltou a disponibilizar o «Perfil» com a «Ocupação» lá escarrapachada, além da «Idade» e do «Local» — e ainda outros dados de carácter esotérico —, que já tinham sido repostos após a recente actualização, a qual tinha ocultado aqueles elementos profissionais. Portanto, cliquem, e topem bem o «Perfil», ou a pinta do man, antes de enviarem para aqui missivas ao engano.
Agradecido.

RASGAR A PELE E DEIXAR SAIR A ALMA

When she walks towards me
I feel something
Crawl beneath my skin
And all the electric stars are shining
Beneath my skin and
Cherry takes me to the place above
With barbed wire kisses and her love
We're going where the oceans blue
Kick the dust and you can come too
In the light of all my darkest mornings
Things fall into place
And all the soft orange coloured dawnings
Fall into place and
Cherry's scratching like a grain of sand
The trigger itch in the killer's hand
Me and Cherry are so extreme
Making love to the sound of a scream

Oh Cherry honey you got me stuck on a rope
You got me running around

With the fear in my head for you
And I want you
And I'll give you my head
And all the things it said
And I'll give you my thoughts
If those things weren't lost
And I'll give you my soul
To beat it with your pole
I'm going to give you my head
You could kick it dead

And I'll give you my head
Come on and kick me dead
Come on and push me down

Come on and drag me down
Oh Cherry be bad
Come on and kiss my head


«Cherry Came Too», Darklands, The Jesus and Mary Chain.

DEVER DE MEMÓRIA II

Para termos uma ideia completa do que foram os derradeiros anos da Monarquia Portuguesa, podemos e devemos recorrer ao Cinema Nacional. Sobre esta matéria, alinhavei em tempos umas ideias na minha coluna na revista Alameda Digital. Belo dia para relermos o artigo.

DEVER DE MEMÓRIA I

Para que a História de Portugal possa finalmente começar a ser contada como deve ser, saibamos fazer o luto pelos nossos maiores e inscrever a sua memória no lugar merecido. Assinalemos, pois, os 100 anos do Regicídio, com a homenagem devida a esse grande Chefe de Estado e cultivador pessoal das Artes, Ciências e Desportos, que foi S. M. F. El-Rei Dom Carlos I, assinando esta petição on-line.

ACTORES EM ESTADO DE GRAÇA

Ethan Hawke e Julie Delpy
em Before Sunset (EUA, 2004)
de Richard Linklater.

PARECE QUE FOI ONTEM MAS JÁ PASSARAM VINTE ANOS II

7 Filmes de 1987
Der Himmel Über Berlin, Wim Wenders
Babbetes Gaestebud, Gabriel Axel
Full Metal Jacket, Stanley Kubrick
Withnail And I, Bruce Robinson
Au Revoir Les Enfants, Louis Malle
Hong Gao Liang, Zhang Yimou
The Dead, John Huston

PARECE QUE FOI ONTEM MAS JÁ PASSARAM VINTE ANOS I

7 Discos de 1987
Darklands, The Jesus and Mary Chain;
Document, R.E.M.;
Electric, The Cult;
Floodland, The Sisters of Mercy;
The New Tango, Astor Piazzolla and Gary Burton;
Strangeways, Here We Come, The Smiths;
Sister, Sonic Youth.

PESQUISAR NO BLOGUE É UMA ALEGRIA

Não querem lá ver que só agora é que comecei a utilizar a, aliás, utilíssima possibilidade de pesquisa que o Blogger fornece em forma de ferramenta (esta palavra de tradições proletárias é um apetite). Refiro-me a essa janelita em formato de mini-cinemascope no canto superior esquerdo. Ora experimentem escrever «David Lynch» e verão que aparecem sete entradas a contar com esta. E só agora lá cheguei porque ao fim de oitocentos e tais postais (parece mentira, mas é verdade) a cabeça sozinha já não chegava para registar tudo o que para aqui debitei. Assim, serei menos repetitivo — para além da repetição própria do meu estilo pessoal —, e podem os meus amigos procurar matérias do vosso interesse no blogue. Tipo: «sexo» (será que escrevi esta palavra alguma vez?) — vamos espreitar...

quarta-feira, 25 de julho de 2007

A ARTE DA FUGA ATRAVÉS DA ARTE

— És um lírico. Não tens sentido de realismo nenhum. Vives num mundo onírico.
— Chama-me o que quiseres, mas por ser realista é que fujo da realidade a sete pés.

DE TRÊS EM PIPA

Apeteceu-me sorver uma pitada de João César Monteiro. Fiquei agarrado, e foram logo três de seguida. Toda a trilogia de João de Deus. Tenho para mim que a palavra não voava tão à solta desde as comédias à portuguesa da época de ouro. João César refinou os trocadilhos, insuflou-lhes citações eruditas, e injectou-lhes uma dose venenosa de perversidade. Em consequência de tal mistura, cada fita resulta como um cocktail — ou «cock tale» — explosivo.

terça-feira, 24 de julho de 2007

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (6)

Era bela
e flutuava de costas
à superfície da água
com o vestido encarnado
colado ao corpo
sobre a fauna e a flora do lago
situado no centro gravitacional do derradeiro secreto jardim romântico
de Lisboa
incrustado entre colinas
e
ao mesmo tempo que lavava a alma de melancólicas recordações
não conseguia apagar o som da guitarra distorcida
do concerto da noite anterior
que permanecia
ecoando dentro de si
e lhe provocava
um estranho
mas indiscritivelmente agradável
ardor
interior
no estômago.

SO HOT!

«I'm a fool to want you», Elvis Costello & Chet Baker.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (5)

A última imagem que ele viu
enquanto permanecia deitado de costas
no idílico leito
foi a do corpo dela
sentado sobre o seu
e esculpido pela luz difusa da Lua Cheia
que banhava o quarto do último piso da torre
ao qual se tinha acesso através de uma estreitíssima escada
de caracol
onde outrora as criadas dormiam
e propício a amores furtivos
como este
imediatamente antes do florão
da velha cama de ferro
cedendo aos frémitos da paixão carnal
cair
e lhe rachar a cabeça
matando-o
e ensopando de sangue quente os alvos lençois de linho puro.

NOTA SOBRE A EDIÇÃO DIÁRIA NESTA CASA

Todos os postais da série «Lisboa, Crónica Poética» serão reescritos on-line, sempre que me der na real gana. Afinal, é para isso que serve esta coisada do digital. Para já, são dedicados muito especialmente ao Dream Team: F., S. e T.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (4)

E
às cinco horas da manhã
após um intenso dia de invulgar tarefa
seguido de uma noite de trabalho banal
mas radical
culminando num serão repleto de emoções fortes
e inesquecíveis
desprendia-se
ainda
do cabelo e da pele
da jovial rapariga de vinte anos
o aroma fresco
de quem tivesse acabado de sair
do seu banho de emersão matinal
em velha banheira de esmalte
ao ar livre
e
com vista sobre Lisboa
antiga.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (3)

A rapariga que nunca tinha lido um livro
entrou na loja do velho alfarrabista
à procura de um volume
para oferecer ao namorado
e ficou encantada a acariciar a pele das antigas encadernações
até que
por fim
abriu o Livro do Desassosego de Bernardo Soares
e começou a lê-lo desde o princípio
e não mais parou até hoje de devorar obras escritas
e agora é leitora profissional
e vai
de casa em casa
dizendo em voz alta
com interpretação muito pessoal
o que está impresso em letra de forma
vestida ritualmente
de acordo com o texto
para que
quem já não vê o suficiente
ou queira ter uma experiência sensorial diferente
possa retirar renovado prazer
da sua biblioteca.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

CONTRAPONTO SONORO

Logo pela manhã, talvez induzido pela chuva miudinha que caiu durante toda a cinzenta noite, defini Joy Division como banda sonora para o longo dia. E pensei: isto não vai acabar bem. Pois bem: as sombras das plantas embaladas pelo vento do norte já dançam em contraponto à luz raiada e geométrica da hora em que a jornada muda de ciclo, ao som dos cantares trocados de pássaros diurnos que recolhem e nocturnos que despertam, anunciando assim o momento crepuscular mágico de suspensão da Natureza, e tudo o que eu tinha planeado foi alcançado e largamente transcendido.

CINEMA EUROPEU DE DIMENSÃO ESPIRITUAL

[Nota: Clicando na imagem ela aumenta, ligeiramente, tornando legível o programa.]

SÓ ESTOU BEM ONDE NÃO ESTOU

Proveniente socialmente da burguesia, repugna-me o espírito burguês, que troco pela muito antiga sabedoria popular. Monárquico ideológico que sou, prefiro uma república de aristocratas — no sentido grego e à maneira romana — à nobreza decadente que sempre rodeia a realeza.

BEM PODES ESPERAR SENTADO!

Gaba-te cesto, que amanhã é vindima; e, cheira-me que desta vez vais ficar agarrado, para não seres tão convencido!
[Nota1 (às seis da tarde): — Estragas-me com mimos. A honra e o prazer são todos meus. Um beijo etéreo e secreto.]
[Nota2 (à uma da manhã seguinte): Sou sibilino porque assim me foi exigido pela autora do belíssimo texto em seis partes sobre os seis meses do blogue.]

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (2)

Rasgando a noite cerrada
sem lua nem estrelas nem nada
uma bela mulher felina
de negro cabedal colante vestida
move-se
silenciosamente
nos terraços dos mais altos arranha-céus da cidade
à espreita
e à espera
daquela janela aberta
para observar o bom burguês português
anestesiado em frente à TV.

LISBOA, CRÓNICA POÉTICA (1)

A bailarina mignone dança nua
sob a luz boa do Sol nascente
no terraço sobre o Tejo
e a sua muitíssimo longa sombra é projectada lá longe
em baixo
na calçada
e pisada
por gente que caminha sonâmbula
mal acordada
e indiferente
na rua.

domingo, 22 de julho de 2007

IR PARA FORA CÁ DENTRO

Dá-me ideia que, por estas e por outras, estou aqui estou em Tavira.

AINDA O MAIS ALTO MOMENTO CRIATIVO DO ANO

É com alegria que tomo conhecimento da chegada à blogosfera do mentor duma recente noite memorável — e inspiradora da segunda parte daquele postal, e ainda daqueloutro. À distância de um clique: Pedro Sena Nunes. Forte abraço para ti.

«QUEM QUER PASSAR ALÉM DO BOJADOR / TEM QUE PASSAR ALÉM DA DOR»

Leio sempre vários livros ao mesmo tempo. Nunca mais do que dez, nunca menos do que cinco. Em consequência desta pulsão, ao fim de algumas páginas mudo de leitura, e assim vou alternando, qual roda viva. Neste momento, dá-se o excepcional caso de ter dobrado as primeiras cinquenta páginas de A Minha Andorinha, de Miguel Esteves Cardoso (edição Assírio & Alvim, colecção Peninsulares / 74, Lisboa, 2006). Obrigado, Isabel.

ESTES JÁ NINGUÉM MOS TIRA

Este blogue pessoal completou ontem seis meses de publicação diária de postais. Afinal, um blogue é isto mesmo: um diário pessoal na internet, em tom de caderno de apontamentos. A principal diferença — mais do que as possiblidades oferecidas por este dinâmico suporte electrónico — consiste no facto de este bloco de notas estar à vista de todos, como se me tivesse esquecido dele em cima da mesa do café e toda a gente estivesse a bisbilhotar o seu conteúdo. E reside precisamente aí o meu maior prazer: imaginar que estão desse lado a ler. E gosto que gostem de o fazer.

DA TENTAÇÃO

A tentação existe para lhe cedermos.
GUY DE MAUPASSANT
(1850 — 1893)

sábado, 21 de julho de 2007

DIVINA PROPORÇÃO

São nove da noite. Estou a ouvir o programa radiofónico de que outrora aqui vos falei. Só para melómanos. E estetas. Puro deleite, em forma de contemplação sonora.

DA REDENÇÃO (ADENDA AO POSTAL ANTERIOR)

Ao sair do secreto lugar — mas, bem no coração da cidade, como só Lisboa sabe ocultar —, o sol já matizava de variados tons as fachadas dos edifícios, e as pedras da calçada refulgiam. O céu estava azul, daquele azul da cor do rio e do mar. Meti-me num táxi e rasguei Lisboa, de baixo a cima, com um vigoroso e vagaroso travelling, em plano-sequência, com câmara-subjectiva mental. Homenagem matinal perfeita a esta capital digna de veneração, e que, como tal, deve ser adorada e fruída — dos pés à cabeça — como uma mulher-deusa.

DA PARTILHA

Não resisti à sugestão da Isabel (já conhecem o delicioso e rigoroso blog que ela mantém a partir dos States?), e, acabei por comprar o livro, agorinha mesmo. Será que vou redescobrir o prazer de ler o Miguel, vinte anos depois.
Entretanto, adianto que tive na passada noite uma extraordinária sessão de partilha criativa que teve como ponto de partida a exibição dos exercícios finais do Curso de Realização da ETIC — de meus alunos de Linguagem Estética do Áudio-Visual, no início do 1.º Ano, portanto. Lobo velho que sou, e que ando nisto há longo tempo, preciso de recuar muito para me lembrar de ter estado sentado quatro horas seguidas a ver filmes (curtas-metragens), e — logo de seguida — outras cinco a debatê-los; neste caso, com os alunos-autores, todos juntos sentados em círculo, até ao nascer do Sol. Não há uma única imagem — e a sala estava cheia de gente da imagem... — deste acontecimento de profunda comuhão intelectual e espiritual. Ficará para sempre só gravado nas nossas recordações. Antes assim. Os melhores momentos da vida são os que permanecem resguardados dos olhares exteriores, mas inscritos indelevelmente na retina e na memória de quem neles participou. Foi uma jovem Távola Redonda que ali vi, e desejei ser vampiro para beber naquelas vitalistas energias criativas. By the way: provocaram-me mais um longo e apetitoso flash-back de vinte anos, fazendo-me viajar até aos meus queridos idos anos 80.
Que o futuro lhes seja sorridente, e que eles tracem novos caminhos para o Cinema Português, é tudo o que lhes desejo; e, já não é pouco.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

CONTINUAMOS À ESPERA DE UM SINAL

Estou a ouvir o Pedro Paixão falar na telefonia. É de uma acutilância brutal e de uma lucidez assustadora. Um resistente aos tempos da pós-modernidade, ou lá o que é este esterco em que vivemos. Anarca e libertário, digo eu; pois, na verdade, é inclassificável, como o são todos os que pairam sobre o mundo e vêem mais longe. É, além do mais, homem de finíssino recorte, porque cultíssimo. Pude conhecê-lo. E ao Miguel Esteves Cardoso também. Este último foi, há exactamente vinte anos, numa fase que culminou na campanha do Partido Popular Monárquico para o Parlamento Europeu, em 1987, o farol de toda uma geração que tinha então vinte anos. Nada de intelectualmente interessante se passou, em Portugal, desde lá até cá.

LITERATURA DE VIAGENS

Dez Dias em Londres, por Carlos Miguel Fernandes.
Fiquei cheiínho de vontade de lá voltar, apesar do lixo multiculturalista arvorado em luxo e da demência politicamente correcta vertida em letra de lei que invadiram as terras de Sua (deles, que cá — infelizmente — já não há) Majestade.

DESMONTANDO E REMONTANDO SINÓNIMOS

A frivolidade é uma arma das mulheres inteligentes. A futilidade é uma sina das mulheres indigentes.

TESTANDO O MEDIUM (3)

Da transgressão:
Será este o sítio certo para escrever como se ninguém estivesse a ler?

TESTANDO O MEDIUM (2)

Da experimentação:
Será este o melhor lugar que é como quem diz o lugar indicado para escrever de jacto ou de forma automática e apagar e reescrever sem deitar a mão a dicionários e gramáticas e prontuários e redigir versão após versão durante dias a fio à vista de toda a gente até chegar à derradeira edição não deixando utilíssimos sinais sedimentados em folhas de rascunho manuscritas prontas a serem eliminadas mas sempre bem guardadas mesmo após a entrega do texto final?

TESTANDO O MEDIUM (1)

Da comunicação:
Clicando no «perfil», que está no topo da coluna da direita, encontra-se, lá dentro, o meu e-mail.

quinta-feira, 19 de julho de 2007

AGORA SEM METÁFORAS

A bonita e valente cavaleira Ana Batista, figura já consagrada da nova geração do toureio equestre nacional, actua hoje, às 22 horas, em mais uma Corrida de Toiros à Portuguesa na renovada monumental praça do Campo Pequeno, em Lisboa. Pudesse eu, e estaria lá batido.

DA DINÂMICA NA BLOGOSFERA OU DA CORRIDA DE TOIROS À ANTIGA PORTUGUESA

Eis que descubro um notável post com mais de um ano, mas que ainda mexe na caixa-de-comentários. O tema em análise é sinistro, e — vindo de onde vem — convém ser pegado de caras. Cá estaremos para o que der e vier, quando chegar a hora.

AGORA ESTOU ASSIM

O Viandante sobre um Mar de Névoa, c. 1818
CASPAR DAVID FRIEDRICH (1774 — 1840)
Óleo sobre Tela, 98,4 x 74,8 cm
Hamburger Kunsthalle, Hamburgo.
Fiquei assim, depois de ler o artigo «Os últimos anos de paisagem natural em Portugal», publicado por José Pacheco Pereira no Público em 24/03/2007, e que a P. — simpática e certeira, como sempre — me enviou por e-mail (que eu não gasto dinheiro com pasquins). Obrigado.

AVISO AOS RAPAZES POR CAUSA DOS LIVROS E DAS RAPARIGAS

Deitei os olhos a alguns trechos do Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, e deixei-me adormecer. Estranho soporífero. Lembro-me bem dos tempos da adolescência em que a sua leitura me provocava febril vigília, pela noite dentro, impedindo-me de conciliar o sono. Depois, chegaram as primeiras namoradas; e, com elas, o verdadeiro desassossego dos sentimentos e dos sentidos. Os livros foram às urtigas. Foram as autênticas invasões bárbaras. Tenho cá para mim — aqui que ninguém nos ouve — que as raparigas podem ser, em determinadas fases da vida, as principais inimigas dos livros. Assegurem-se pois de ter lido o essencial antes de se lançarem nos seus braços, até para não serem tomados por parvos.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

À ATENÇÃO DOS CINÉFILOS CÁ DE CASA

Em Novembro, no Estoril, teremos Bernardo Bertolucci (virá como Conselheiro), David Lynch (serão exibidas vários filmes seus, no âmbito de uma homenagem) e Pedro Almodóvar (em carne e osso, para a maior retrospectiva de sempre da sua obra). Parece mentira, mas é verdade: trata-se do European Film Festival.

A HERENÇA DAS ROMANAS, DOIS MIL ANOS DEPOIS (CUSTOU, MAS FOI)

Não é o meu estilo, mas é um belíssimo post, sim senhor. Mergulhemos nele, pois, como faria um Peeping-Tom. Entra-se por aqui. E o título deste postal exprimi o meu olhar sobre o tema.

UMA QUESTÃO DE ESCALA

Cleopatra (E. U. A., 1963), Joseph L. Mankiewicz.
Durante o compulsivo visionamentyo semanal da série Rome (já não me acontecia tal coisa desde Twin Peaks de David Lynch), lembrei-me muito de Elizabeth Taylor, que continua a ser a minha Cleópatra preferida. Também me ocorreu que, mesmo que quisesse rever o filme por ela protagonizado, em condições ideais, Lisboa não tem hoje uma sítio com dignidade para projectar a película de Mankiewicz no seu formato original de 70 mm. Finalmente, sei que guardarei para sempre na memória a sessão histórica no Coliseu do Porto — eis um lugar à altura das circunstâncias (que se passará lá hoje?) — onde pude assistir à exibição desta obra-prima do Cinema. Não há ninguém que deite mão ao que resta das grandes salas de Lisboa e as devolva aos cinéfilos? As fitas de dimensão monumental precisam de casas cheias e não podem ser fruídas em cubículos situados dentro de catedrais de consumo para massas desbocadas. Bem avisa o ditado lisboeta: «Não se pode meter o Rossio dentro da Rua da Betesga».

ESTAMOS NA MESMA ONDA

Às afinidades ideológicas, racionais, calculistas, abstractas e intelectuais, sempre preferi as espirituais, estéticas, intuitivas, concretas e sensuais. Tendência esta que se tem acentuado com a idade. No entanto, verdade seja dita, cada vez encontro menos pessoas na mesma frequência de onda. Uma questão de falta de sintonia, certamente.

ESTAMOS MESMO À BOA HORA (I)

«O dia divide-se em: horas visuais (as da manhã); horas sensuais (as da tarde); horas musicais (as do cair do dia). O que se faça nas horas visuais resulta nítido de contornos em conceitos e frases. Nelas escrevem os aforistas e melhor trabalham os pintores. Nas horas sensuais estão despertos os baixos sentidos — tacto, paladar e olfacto. São as horas de apalpar, de comer e de cheirar; e vão do meio-dia às quatro ou cinco da tarde, no inverno. O que se escreve nesse intervalo vem repassado desse sentidos. Cai a tarde, são as horas musicais. Então desperta o prazer do ouvido, e a prosa ou o verso são harmoniosos e ritmados.
São as horas estilísticas. Assim o género do poeta ou prosador é conforme as horas em que escreve: os clangorosos derrotistas escrevem de noite. Os variados em imagens escrevem de manhã. Os encharcados de sensorial carnal, os amorosos directos, escrevem do meio-dia às quatro, no inverno. Os doces de linguagem, de ritmo, os amorosos platónicos, escrevem por volta do sol-posto.»
MÁRIO SAA (1893 — 1971) [«Dez minutos com Mário Saa (Excerto de uma entrevista)», Diário de Lisboa, 24 Janeiro de 1936], Poesia e Alguma Prosa, edição Imprensa Nacional — Casa da Moeda, colecção Biblioteca de Autores Portugueses, Lisboa, 2006.

TRÊS PILARES DA SABEDORIA

SÓCRATES (470 A. C. — 399 A. C.) — Filósofo não escritor, influenciou os dois maiores Mestres da Filosofia Grega: Platão e Aristóteles.
PLATÃO (428 A. C. — 347 A. C.) — A partir de Sócrates, cria uma Filosofia Idealista, que será bebida, na sua essência, por Santo Agostinho e seus discípulos, incluindo os fundadores da Escola Franciscana.
ARISTÓTELES (384 A. C. — 322 A. C.) — Autor de uma Obra de Filosofia inigualável — o que lhe valeu ficar conhecido, por antonomásia, como «O Filósofo» —, e que virá a ser decisiva para o Pensamento de São Tomaz de Aquino.

terça-feira, 17 de julho de 2007

MAIS UMA SENHORA AUTORA DE MÃO CHEIA

Para ver a excelente desmontagem que a Helena Matos faz das tretas auto-promocionais inventadas pela erva daninha vermelha feita prémio ignóbil a martelo, vale a pena espreitar aqui.

DESAFIANDO O PASSADO, CONSTRUINDO O FUTURO!

Édith Piaf, em 1961, cantando o tema «Non, Je Ne Regrette Rien», com letra de Michael Vaucaire, acompanhada ao piano por Charles Dumont, autor da música.
Quem não sentir um arrepio na coluna vertebral, ou não a tem ou já está morto.

CLÍMAX DO DIA

Findas finalmente as tarefas diárias, já pela noite dentro — momento certo para o que se segue —, vou sentar-me a absorver — frame a frame — o último episódio da segunda temporada da magnífica (depois de longa ponderação, sei ser esta a palavra certa) série Rome, que foi gravado em velho formato VHS, há um bocadito, e está ali à espera a sorrir-se para mim. Pudesse eu logo de seguida accionar uma qualquer máquina do tempo e viajar até lá para tomar um banho de Civilização.

QUEM É QUE ANDA AÍ?!...

Este lugar intimista e discreto atingiu ontem a bonita marca de 912 page views. É sempre bom saber que há alguém à escuta. Vão e voltem — se vierem por bem —, e tragam mais cinco, e digam qualquer coisinha. Obrigado.

segunda-feira, 16 de julho de 2007

GENEALOGIAS ARTÍSTICAS ESPIRITUAIS

Não é possível compreender o Cinema de Hitchcock sem começar por ver os filmes da sua fase inglesa; e, destes, lançar minuciosa atenção sobre os da época do Mudo. Depois, é só perceber — salta à vista — que as bases da sua linguagem visual, assim como as do seu núcleo temático principal, têm as raízes mergulhadas, bem fundo, no Expressionismo Alemão — muito especialmente nos mestres Murnau e Lang. Ora vão lá espreitar, que mais logo falamos.

É LIMPINHO

Sempre que os ecologistas da treta (melancias ambulantes que nunca calçaram umas botas caneleiras, nem sabem distinguir uma oliveira dum sobreiro) esperneiam contra o «aquecimento global», Deus manda-lhes uma carga de água pela cabeça abaixo para refrescarem as ideias.

DE MÃO CHEIA

Passo a apresentar cinco blogues, de outras tantas Senhoras, que se foram infiltrando e se instalaram definitivamente neste meu mundo de leituras diárias on-line. A coisa é de tal maneira que já não passo um dia sem as ir espreitar (salvo seja). Também fica aqui bem dizer que não conheço nenhuma (que eu saiba) e que apenas com uma delas troco uma vaguíssima correspondência electrónica (a tal excepção aos meus princípios). Serem cinco agrada-me, pois o coincidir com o número de dedos da mão confere uma força orgânica ao conjunto. Nem imagino muito bem estas Autoras sentadas à mesma mesa, mas sempre tive um ponto-de-vista muito alternativo sobre as sinergias sociais, e, por isso, assim as agrupo (e, não, não são as minhas quotas). Cometerei ainda o derradeiro erro — para os cânones do culturalmente correcto (mais sinistro ainda que o politicamente correcto) — de não as classificar, nem com uma só palavra. Aqui vai disto: Charlotte, Miss Pearls, Sai Si Si, Ver, Zazie.

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

Dos maiores gostos que vou tendo neste mundo-cão é ter antigos alunos (e já lá vão doze anos lectivos consecutivos) que atravessam a rua para me vir falar quando podiam facilmente fingir que não me viam. Os que fazem isto quase sempre eram os melhores e hoje distinguem-se profissionalmente em Portugal ou no estrangeiro. Assim, vale a pena gastar o meu Latim.

MISTÉRIO DA VIDA

No próximo Sábado, dia 21 de Julho, este blogue faz seis meses. Certa vez, alguém me comunicou, muito seriamente, que o tempo médio de vida de um blogue é três meses. O erudito desconhecia que eu não sou um rapaz mediano — em nada, mesmo.

MISTÉRIOS LINGUÍSTICOS

Sempre consegui ler em Castelhano, embora nunca tenha tido aulas de tal Língua, e lhe tenha até uma certa aversão.

CADA COISA A SEU TEMPO

Macacos me mordam se não me meto a aprender Alemão até ao fim do ano.

CADA MUSA NO SEU LUGAR

Antes que me esqueça, abro parênteses para dizer que este postal foi todinho inspirado pela Inês C. P.

DA FILOSOFIA PRÁTICA

Leio a obra Die Spatziergänge oder die Kunst spatzieren zu gehen, de Karl Gottlob Schelle, na edição francesa, da Rivages Poche / Petit Bibliothèque, intitulada l'Art de se Promener, e prefaciada e traduzida por Pierre Deshusses. A propósito: Quando é que em Portugal se começam finalmente a fazer edições boas para o bolso e para a bolsa? Por enquanto, são feíssimas e caríssimas. Este livrinho, escrito em 1802 por um amigo de Kant e correspondente de Goethe, permanece para mim como o mais útil manual da arte de bem passear. Dúvidas houvesse e ficaria demonstrado neste pequeno ensaio que a simples prática física do passeio propicia prazer estético ao mesmo tempo que nos transporta a uma elevada dimensão espiritual.

domingo, 15 de julho de 2007

DO CINEMA HISTÓRICO DE AUTOR

L'Anglaise et le Duc (França, 2001), de Eric Rohmer.
Passado o dia da tomada da pastilha, veja-se o magnífico filme de Eric Rohmer sobre as desventuras de uma nobre e bela inglesa apanhada pela boçal brutalidade revolucionária, pelas sinistras teias da tentativa de criação de uma monarquia liberal, e pelas garras criminosas do terror jacobino, em França. A festiva coisa viria a ser coroada com a oligarquia do directório e o despotismo napoleónico. O chavão «liberdade, igualdade e fraternidade» no seu melhor, portanto.
Para um conveniente enquadramento histórico, como preparação para o visionamento, leia-se Reflections on the Revolution in France, de Edmund Burke.

sábado, 14 de julho de 2007

GOOD MORNING, OXFORD

PEQUENO GRANDE PRAZER (7)

Sentir o corpo adormecer de calor e ter a mente em lúcida vigília.

PEQUENO GRANDE PRAZER (6)

Ler um livro ao ar livre.

PEQUENO GRANDE PRAZER (5)

Fumar uma cigarrilha cubana na varanda sobre Lisboa.

PEQUENO GRANDE PRAZER (4)

Visitar um amigo que vive no cimo da Serra de Sintra.

PEQUENO GRANDE PRAZER (3)

Ficar no Chat pela noite dentro como um adolescente com uma pessoa que não vejo há vinte anos.

PEQUENO GRANDE PRAZER (2)

Dar o primeiro mergulho do Verão e sentir o sal e o sol na pele.

PEQUENO GRANDE PRAZER (1)

Jogar «Monopólio» como se fosse a primeira vez.

sexta-feira, 13 de julho de 2007

DOS SENTIDOS E DO SENTIDO DA VIDA

Certos dias há, ao acordar, em que tenho a nítida sensação de que o Blog de Cheiros me salva a vida. Já retirei na reescrita desta afirmação a dose hiperbólica, que muito gosto de usar para sublinhar as minhas pessoalíssimas sensações, mas reconheço que se mantém metafórica. O pior que pode acontecer às figuras de estilo é tornarem-se estilosas. Penso que ultrapassei a coisa. Posso passar pois a carregar no botão que diz: «Publicar Mensagem». Acrescento um beijo para a Autora, que, infelizmente, desconheço, e constitui, assim, a única excepção ao panorama de comunicação via e-mail que tracei no postal anterior.

SEMPRE MAIS ALÉM

Em consequência deste blogue pessoal, tenho a caixa de correio permanentemente cheia. Só abro a correspondência electrónica que vem de amigos, conhecidos, ou de pessoas com quem mantenho amigos em comum. Não me posso queixar. Recebo amabilíssimas cartas (gosto de lhes chamar assim; e, muitas são-no, de facto). Contudo, ando para aqui à espera de um e-mail que tarda em chegar. Sempre foi esta a minha sina, se bem me lembro dos tempos de menino e moço: fasquia alta, olhar no horizonte. O que vale é que o meu fado também reza que quem espera sempre alcança.

DA POLIS (REMÉDIO SANTO)

É nestes dias que me agarro com mais força ao Eça. Essa é que é essa.

DA POLIS (PALHAÇADA TROCADA)

Uma candidata deu música ao povo com uma banda de marroquinos, no Príncipe Real; um candidato deu música ao povo com gaita-de-foles, na Mouraria.

DA POLIS (ADENDA)

Um notável artigo de José Pacheco Pereira sobre a baixa política, digo eu.

DA POLIS

Quando quero ler análises políticas inteligentes e lúcidas, passo n'O Insurgente.

VIVER HABITUALMENTE

Ultimamente, tenho vindo a perder um hábito que alimentei durante muito tempo. (Os costumes têm que ser cultivados, como as plantas, senão morrem.) Todos os dias transcrevia factos da agenda do ano anterior para a actual. Desta forma, nunca me esquecia dos anos dos amigos, nem do Santo de cada dia. Era ainda uma boa oportunidade para recordar acontecimentos que tinham sido importantes, e que lá registava. Por estas e outras, ando cada vez mais desasado.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

VIRAR A CARA

Shadows (E. U. A., 1959), John Cassavetes.
Porque não há luz sem sombras, e porque os olhos — que são o espelho da alma — precisam de se fechar — de quando em vez — para descansar, e porque as viagens interiores se fazem às escuras, e porque mais vale ir pela sombra do que apanhar um traiçoeiro golpe de sol, e porque me apeteceu contemplar este rosto desarmado, publiquei aqui e agora este postal ilustrado.

DAR A CARA

Faces (E. U. A., 1968), John Cassavetes.
John Cassavetes disse que, em Cinema, a iluminação está boa quando o público sente que pode tocar no rosto do actor. Ei-la. Experimente você mesmo tocar ou ser tocado pela mais bela paisagem que Deus criou: o rosto humano. Se não tenho razão, serei o primeiro a dar a outra face.

quarta-feira, 11 de julho de 2007

DA FOTOGRAFIA

Eis um lugar de passagem obrigatória para os amantes e amadores (um dia hei-de discorrer sobre os significados destas duas palavras, e suas afinidades, quando aplicadas às Artes) de Fotografia: o Site do Centro Português de Fotografia.

SENHORA E RAINHA

Hoje deu-me para escrever ali umas linhas sobre a minha eterna paixão inglesa.

ELOGIO DA MULHER ORIENTAL

Iggy Pop canta «China Girl», em Paris, no ano de 1991.

OLHAR NO ORIENTE (3)

Zhang Ziyi em O Segredo dos Punhais Voadores (2004),
de Zhang Yimou.

OLHAR NO ORIENTE (2)

Maggie Cheung em Herói (2002), de Zhang Yimou.

OLHAR NO ORIENTE (1)

Gong Li em Esposas e Concubinas (1991), de Zhang Yimou.

terça-feira, 10 de julho de 2007

GRANDE SPOT!

«Livros (de Fotografia em Berlim)», por Carlos Miguel Fernandes, em No Mundo — um blogue desenhado com luminosidade; a minha mais recente e bela descoberta na blogosfera.

AINDA A SÉTIMA LEGIÃO

Sétima Legião ao vivo na Estufa Fria de Lisboa em 1985.
Colocado no You Tube pelo meu velho e bom amigo Zé Pinheiro.

segunda-feira, 9 de julho de 2007

MULHERES DE PORTUGAL QUE FIZERAM HISTÓRIA

Neste dias, em que nos entram pela casa dentro as superiores e magníficas mulheres de Roma — todas as santas segundas-feiras, via série Rome, na RTP 2 —, para que nos lembremos que também nesta matéria, sob a mágica forma de eterno feminino, demos mundos ao mundo — algumas vezes a partir dos reinos vizinhos, connosco centros disseminadores da matriz civilizacional europeia —, trago aqui mais uma referência bibliográfica: Infantas de Portugal — Rainhas em Espanha, de Marsilio Cassotti (tradução de Francisco Paiva Boléo, edição A Esfera dos Livros, 2007).

AINDA E SEMPRE A PERMANÊNCIA DOS CLÁSSICOS

Cultura greco-romana e Espírito católico-romano.

EM ROMA, SER ROMANO

De dia, ser Augusto; de noite, ser Marco António.

TAL PAI, TAL FILHO

La Liseuse, c. 1875/6
PIERRE-AUGUSTE RENOIR (1841 — 1919)
Óleo sobre Tela, 47 x 38 cm
Musée d'Orsay, Paris.

DA PERMANÊNCIA DO CÓDIGO DE CAVALARIA NA PRIMEIRA GUERRA MODERNA

La Grande Illusion (França, 1937), de Jean Renoir.

DAS ARTES PLÁSTICAS E RÍTMICAS

Vai hoje para o ar na telefonia, na Antena 2, o segundo programa do Divina Proporção, de Ana Mântua e João Chambers, dedicado às paixões revolucionárias. Rapaz apaixonado que sou, mas contra-revolucionário, prefiro recordar o magnífico primeiro programa — inteiramente dedicado a Leonardo da Vinci, génio criativo das Artes e Letras e Ciências, de quem se assinala, em 2007, os 555 anos do nascimento. Para a semana, teremos Caravaggio, Ribera, Zurbarán, Velasquez e tutti quanti, com Música da época, e estética a condizer, como sempre. Mais ao meu gosto, portanto.

domingo, 8 de julho de 2007

ESTOU SEMPRE A APRENDER

Agradeço a distinção do Réprobo, mas eu funciono em contracorrente. Coisa boa foi ter aproveitado o simpático postalito, do ilustre supradito, para descobrir esta Zazie — que fica já aqui nas ligações pessoalíssimas.

AZUL DA CÔR DO RIO, DO CÉU E DO ATLÂNTICO

Os três últimos postais ilustrados vão todos inteirinhos para o D. e o T. — muitíssimo em honra do café, do concerto e da festa. Tudo com o rio mesmo ao lado. Tudo com o céu mesmo em cima. Tudo com a Lua reflectida no Tejo. Tudo com a Ermida, a Torre, o Mosteiro e a Ponte como coordenadas axiais. Tudo quinhentos anos depois. Tudo quinhentos anos antes. Com tanto e com tudo, rejuvenesci exactamente vinte anos. Obrigado, Rapazes.

À FLOR DA PELE III (AO D. E AO T.)

Gina Lollobrigida.

À FLOR DA PELE II (AO D. E AO T.)

Sofia Loren.

À FLOR DA PELE I (AO D. E AO T.)

Claudia Cardinale.

DOS LIVROS E DAS MULHERES

Cheiro de papel, toque de papel; aroma da pele, tacto da pele.

AINDA O INESQUECÍVEL CONCERTO DE ANTEONTEM

Why don't you stay
I feel lucky today
Give me a chance
And I'll show you the way


I know some day you'll be mine
You will know too
It's a matter of time


Oh! Let me hold your hand
Please, let your heart beat again


You know I day dream of You
I'm so in love
It's too good to be true


You make me smile
As I look in your eyes
My heart is full
Like my very first time


It's like I was born again
I just can't say
How happy I am


Oh! Let me hold your hand
Please, let your heart beat again


«Hapiness» (Música: Rodrigo Leão; Letra: Ana Carolina),
do álbum Cinema (2004),
de Rodrigo Leão.

sábado, 7 de julho de 2007

O MELHOR DO MUNDO SÃO AS CRIANÇAS

Um abraço e um beijo de Parabéns ao meus amigos Pedro Guedes da Silva e Inês Múrias Mauritti.

ONTEM CANTOU-SE EM CORO EM BELÉM COM TORRE E TEJO E TUDO

Tem mil anos uma história
de viver a navegar...
Há mil anos de memórias a contar
ai, cidade à beira-mar
azul


Se os mares são só sete
há mais terra do que mar...
Voltarei amor com a força da maré
ai, cidade à beira-mar
ao Sul


Hoje
Num vento do Norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o Sul
Sete mares


Foram tantas as tormentas
que tivemos que enfrentar...
Chegarei amor na volta da maré
ai, troquei-te por um mar
azul


Hoje
Num vento do Norte
Fogo de outra sorte
Sigo para o Sul
Azul


«Sete Mares»,
do álbum Mar d'Outubro (1987),
da Sétima Legião.

sexta-feira, 6 de julho de 2007

ADENDA AO POSTAL ANTERIOR OU DICIONÁRIO DA BLOGOSFERA

Na blogosfera de Língua Portuguesa, os «posts» passaram a designar-se automaticamente por «mensagens». Nesta vossa casa, continuarão por mim a ser chamados «postais», embora «mensagens» me soe muitíssimo bem. Por outro lado, no blogue colectivo de antigos alunos do Liceu Nacional de D. Filipa de Lencastre, são «postas». É com imaginação que se faz a renovação semântica. A blogosfera está na vanguarda, que é como quem diz: é muito à frente.

DA MÚSICA PORTUGUESA

Rodrigo Leão ao vivo na Torre de Belém — uma mensagem que funciona como óptima introdução ao espectáculo de logo à noite.

AFINIDADES PERIPATÉTICAS — I

De todas as actividades físicas, o passeio é a mais espiritual.

AVISO AOS NOVOS POR CAUSA DOS PASSOS PERDIDOS

Num só passo se passa de estóico a estróina. Já o caminho de regresso terá de ser feito em marcha forçada.

quinta-feira, 5 de julho de 2007

INOCÊNCIA PERDIDA

Stealing Beauty (1996), de Bernardo Bertolucci.

E FEZ-SE LUZ

Adquiri ontem, finalmente, a obra A Maçonaria no Distrito de Portalegre (1903 — 1935), de António Ventura (edição Caleidoscópio, 2007). Trabalho este essencial, no seu rigor exaustivo, para a História e Genealogia da região alentejana, especialmente do que é hoje o Distrito de Portalegre, tendo ainda alcance nacional. Na minha primeira abordagem ao livro, dou de caras com o meu Bisavô Mariano Moreira da Costa Pinto; nada que não se soubesse na tradição oral familiar. O que eu não conhecia — e me deixou completamente fascinado —, era o nome simbólico que ele adoptou na sua iniciação: «Alma».

DO ALTO HUMOR REAL

No Paço de Sintra, ao ser apanhado a dar um beijo furtivo a uma cortesã, D. João I, justificando-se perante D. Filipa de Lencastre, disse: «— Foi por bem!». A história continua no tecto do referido Palácio, com toda a subida e subtil ironia do Rei lá plasmada, como resposta às conversas de corredores dos intriguistas da corte.
«Honni soit qui mal y pense», diria Eduardo III, mas esta é outra história e fica para outro dia.

SERÁ IMPRESSÃO MINHA?

Já repararam que o álbum Cinema, de Rodrigo Leão, é do mais romântico e cosmopolita que se tem feito na música moderna portuguesa? Há três anos que o ando a ouvir; e, os seus simples e belos poemas — em português, inglês e francês — adquirem um carácter encantatório único e irrepetível, dependendo do estado de espírito. Depois falamos.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

DO EFEITO POÉTICO

Quando não descobrimos nada de novo na segunda abordagem de uma obra, melhor será não voltarmos a ela, pois só um texto que possibilita infinitas e diferentes leituras é enriquecedor.

DO MISTÉRIO

Uns têm Fé, outros têm fezadas.

QUANDO CERTAS COISA MUDAM JÁ NADA FICARÁ NA MESMA

Duas coisas se perdem neste meio de comunicação. Sim, porque é de pôr em comum que se trata; pois, embora escreva estas notas soltas como se de um diário pessoal secreto se tratasse, sei bem que estão aí. Afinal, é como se deixasse o caderno de apontamentos propositadamente esquecido na mesa do café, ou no compartimento do comboio, para ter o prazer voyeur de ver alguém lê-lo; atitude esta que, vice-versa, por educação, nunca teria em relação ao de outrém.
Dizia eu que duas coisas se perdem. São o tom e a caligrafia. O primeiro, vai todo pelo som e é o núcleo fundamental da linguagem oral, na medida em que reforça — ou cria até — o verdadeiro significado das palavras. A derradeira, será a caligrafia. Sobre esta, múltiplas análises podem os especialistas produzir. Constato com tristeza que está em vias de extinção. É com nostalgia que deito os olhos a cartas escritas à mão, redigidas ainda na boa tradição epistolar, registo esse por onde passou tanta correspondência dos nossos antepassados. Assim se namorou, se relataram viagens, se fizeram negócios, se participaram casamentos e nascimentos, se tomaram decisões privadas e públicas. Assim se fez História. E a letra não deixava mentir.
Vem tudo isto a propósito (ou a despropósito) de ter descoberto que a minha letra está a mudar.

TUDO VAI BEM NO REINO DA DINAMARCA

Hans Christian Andersen (1805 — 1875), Sören Aaybye Kierkegaard (1813 — 1855), Carl Theodor Dreyer (1889 — 1968), Lars Von Trier (1956 — ).

terça-feira, 3 de julho de 2007

O BLOGUE COSMOPOLITA (MUITO MAIS DO QUE O DONO...)

Durante o dia, que agora finda, tive leitores (não me refiro aos cliques; estes detiveram-se mesmo a ler) dos seguintes locais do mundo: Barcelona, Berlim, Brasília, Bruxelas, Madrid, Londres, Nova Iorque, Nova Jérsia, Oxford, Paris, Rio de Janeiro, Roma, Roterdão e São Paulo — fora os muitos lugares portugueses —; e, vão todos grafados em Português, para matar saudades ou para (re)aprenderem.

CINEMA MADE IN EUROPA — A OUTRA HOLLYWOOD

Europa
(P/B e Côr; Inglês e Alemão;
Dinamarca/Suécia/França/Alemanha/Suiça, 1991),
de Lars von Trier.
[Cartaz espanhol, com indicação de prémios franceses e português.]
You will now listen to my voice. My voice will help you and guide you still deeper into Europa. Every time you hear my voice, with every word and every number, you will enter into a still deeper layer, open, relaxed and receptive. I shall now count from one to ten. On the count of ten, you will be in Europa. I say: one. And as your focus and attention are entirely on my voice, you will slowly begin to relax. Two, your hands and your fingers are getting warmer and heavier. Three, the warmth is spreading through your arms, to your shoulders and your neck. Four, your feet and your legs get heavier. Five, the warmth is spreading to the whole of your body. On six, I want you to go deeper. I say: six. And the whole of your relaxed body is slowly beginning to sink. Seven, you go deeper and deeper and deeper. Eight, on every breath you take, you go deeper. Nine, you are floating. On the mental count of ten, you will be in Europa. Be there at ten. I say: ten.
Monólogo de abertura, pela voz do narrador Max von Sydow.

DAS ARTES PLÁSTICAS

Olho para certos artistas-plásticos e vejo artistas de plástico.

CADA VEZ MAIS MINIMAL

Cada vez mais só.

SER OU NÃO SER

Acabei agora mesmo de apagar um postal, imediatamente após o ter escrito. Crente que sou no princípio de que um homem depois dos 40 anos tem a obrigação de dizer tudo o que lhe passa pela cabeça, sinto-me perplexo. Se calhar, não sou assim tão livre como pensava ser.

A PAPINHA TODA FEITA

Deixo aqui a ligação ao site da Cinemateca Portuguesa, onde podem encontrar a programação desta semana e da próxima. É aproveitar, que em Agosto estará fechada. Não deixem, no entanto, de procurar o programa mensal em folha desdobrável de papel reciclado. Cá para mim, não há nada como o toque do papel.

A ERA DO VAZIO

Valupi analisa aqui e acoli dois outdoors da campanha para as eleições intercalares na CML. Um fartote! Esperemos que continue, que há pano para mangas... — e para mangar! Em tempos, já eu ali tinha dado a deixa, ou deixado o leitmotiv.

DA BOA MÚSICA NA BLOGOSFERA

A Arte da Fuga completou três anos na blogosfera, sempre com grande andamento. Está de parabéns a sua dupla de eruditos autores.

segunda-feira, 2 de julho de 2007

CASAMENTO PERFEITO

A Inglaterra é feminina, Portugal é masculino; a Inglaterra é terra-a-terra, Portugal é aéreo; A Inglaterra é aquática, Portugal é fogo; a Inglaterra é concreta, Portugal é abstracto; a Inglaterra é acção, Portugal é pensamento; a Inglaterra é pragmática, Portugal é diletante; a Inglaterra é dramática, Portugal é lírico, a Inglaterra é determinada, Portugal é obsessivo; a Inglaterra é convencional, Portugal é instintivo; a Inglaterra é corajosa, Portugal é heróico; a Inglaterra é filosófica, Portugal é espiritual; a Inglaterra é irónica, Portugal é gozão; a Inglaterra é D. Filipa de Lencastre, Portugal é D. João I.

TIVESSE EU «LINKS PERMANENTES» E ESTE ERA CERTINHO (3)

Lidar com o corpo da mulher de câmara-olho na mão para lhe revelar a alma através da fotogenia é — cá para mim — o mais elevado grau da criação artística profana. O referido território íntimo constitui-se como propício à separação do trigo e do joio, pois os fotógrafos banais (ou boçais) caem por terra perante este teste de fogo. Dito isto, o meu lugar blogosférico preferido — nesta matéria — é o seguinte: E Deus Criou A Mulher.

TIVESSE EU «LINKS PERMANENTES» E ESTE ERA CERTINHO (2)

Bic Laranja — para contemplar e escutar imagens visuais e sonoras de profundo bom-gosto.

SEMPRE MAIS ALÉM

Navegava eu de vela latina desfraldada, quando, ao assestar os binóculos ao horizonte, avistei esta maravilhosa Ilha dos Amores.

DA ETIMOLOGIA

«Ocio y negocio: fasto y nefasto», de Rafael Castela Santos, publicado no blogue A Casa de Sarto. Um notável texto do distinto correspondente da Alameda Digital na Grã-Bretanha, que abrilhanta a revista com as suas «Crónicas de um lusitano interior na Álbion».

domingo, 1 de julho de 2007

CADA ÉPOCA TEM O MECENAS QUE MERECE

Tivemos Ricardo do Espírito Santo Silva. Agora, temos aquele de que para aí se fala. Está certo.

DA TRADIÇÃO EM PORTUGAL

Estive ontem no arraial bienal do meu amigo M. Este, consegue a extraordinária proeza de reunir — em ambiente tradicional de Santos Populares — o que resta das elites portuguesas. Não, não são os que aparecem na televisão, em programas alarves, nem tão pouco os que se pavoneiam nas revistas, outrora lidas apenas pelas sopeiras. Refiro-me aos que se distinguem pela subida educação. Resistem ainda — contra ventos e marés —, praticando e passando aos Filhos o que por sua vez lhes foi transmitido por Pais e Avós, afirmando-se como exemplos nas comunidades respectivas. Um encontro como este, com pessoas deste calibre, produz mais efeitos do que mil conferências de intelectuais conservadores feitos a martelo. Assim, Portugal continua.

SLOW INTERIOR

«Over», Portishead.

IMPÉRIO DO ESPÍRITO

Rodrigo Leão + Beth Gibbons. Torre de Belém. 6 de Julho às 22 horas. Notícia detalhada aqui.