sexta-feira, 31 de maio de 2013
DIA 69
Voltou a calar-se, a carteira. Continua tristonha e ensimesmada.
Hoje em dia soi dizer-se bastas vezes que há alturas em que relativizamos. Geralmente ouve-se a expressão aquando de reportagens, documentários ou notícias de situações muito tristes, catástrofes, fomes ou doenças.
Usada apenas para problemas, nunca para soluções, querem afinal dizer que os grandes males de outros têm a capacidade de reduzir os nossos ao tamanho de um átomo. Isso até é bom. Incentiva à ajuda e ouvimos menos queixumes à nossa volta.
Não sei quanto tempo dura essa consciência relativista numa pessoa com uma consciência considerada mediana. Durará com certeza mais tempo quando essas situações são em Portugal, ainda mais se na mesma cidade, mais ainda se na mesma vila ou aldeia. Nestes tempos de crise acontece cada vez mais.
Mas ao mesmo tempo, esse relativizar, essa percepção, parece inversamente proporcional à distância que nos separa do acontecimento. Quanto mais de perto nos toca o mal, mais o relativo é engolido pelo absoluto.
Então quando o ataque é aos nossos, já quase só temos um pensamento a ocupar o cérebro. Tornamo-nos egocêntricos. Aí relativizamos o resto do mundo. Nada mais nos importa, nessa altura. O sofrimento ou a aflição ocuparam selvaticamente o espaço mental e nele instituíram uma ditadura. Entra em acção o instinto de sobrevivência.
Também nessas alturas pode ser preciso voltar a relativizar. Tentar não esquecer o resto. Dar atenção àqueles e àquilo que nos rodeia.
Por outro lado, esse acordar da consciência também ocorre quando no campo olhamos para o céu estrelado e de repente entendemos. Ou para a imensidão do mar quando navegamos. Ou ao espreitar através do microscópio. O infinitamente grande e o infinitamente pequeno que nos esmagam e fascinam.
É assim que contemplamos a beleza da mão de Deus e nela confiamos.
Leonor Martins de Carvalho
quinta-feira, 30 de maio de 2013
AINDA A PROPÓSITO DA HISTÓRIA APAGADA
Ontem foi a Queda de Constantinopla. O princípio do fim da Europa Cristã.
FESTA DE GUARDA DO CORPO DE CRISTO
Procissão Corpus Christi, 1913
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO (1887 — 1918)
Óleo sobre Madeira, 29 x 50,8 cm
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa.
AMADEO DE SOUZA-CARDOSO (1887 — 1918)
Óleo sobre Madeira, 29 x 50,8 cm
Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, Lisboa.
Uma genial peça de Amadeo inspirada numa bela Festa Católica. A qual, agora, pela primeira vez desde o Século XIII, somos obrigados a celebrar não no seu verdadeiro Dia - hoje - mas no Domingo seguinte. Isto porque azedos ateus, caquécticos laicos, bafientos jacobinos, materialistas anticlericais, plutocratas anticatólicos, e outros idiotas que tais que nos desgovernam, acabaram com o Feriado Religioso que possibilitava ao Povo fazê-lo.
HALTERES OU ALTERES?
Diz-me o médico que preciso urgentemente de fazer exercício físico. Verdade seja dita que também sinto cada vez mais essa necessidade. Há portanto toda uma gama de desportos a analisar. Vão desde o ginásio até ao picadeiro. Halteres ou alteres?
É A HORA!
Dez anos volvidos sobre o aparecimento na blogosfera portuguesa de uma corrente nacional de elevada qualidade cultural está agora toda ela a reaparecer com reforçada maturidade e renovado ânimo.
quarta-feira, 29 de maio de 2013
UMA NOTÍCIA VERDADEIRAMENTE EXTRAORDINÁRIA
O Corcunda, um dos melhores e mais polémicos bloguistas de sempre, regressou. A partir de agora, há um blogue obrigatório: O Governo dos Mortos.
LEVAM TODOS PELA MESMA TABELA
Se volta e meia desato para aqui a zurzir nos portugueses não é por ter os indivíduos dos outros países em mais alta consideração, pois os desgraçados tempos em que vivemos afectam culturalmente todos por igual hoje em dia. Só que, como é aqui que vivo, são estes que tenho de gramar.
CASO BICUDO
E agora, que terminou a temporada de circo, sob a forma de pontapé na bola, como é que o povoléu se vai entreter?
terça-feira, 28 de maio de 2013
EM BUSCA DA ATLÂNTIDA
Se bem me lembro, nos Açores, por estes dias, celebram-se os Impérios do Espírito Santo. Óptima ocasião para: ler as Trovas Para O Menino Imperador, de António Quadros; consultar a História dos Açores, de Carlos Melo Bento; mergulhar no Percurso Solitário, de Augusto de Ataíde; e, terminar no fantástico Enigma da Atlântida, de E. P. Jacobs. Depois, só falta fazer as malas para lá voltar, até porque não há duas sem três.
segunda-feira, 27 de maio de 2013
CADERNOS INTERATLÂNTICOS (18)
Sábado passado, dia 25 de Maio, a Argentina festejou o seu dia nacional. Em 1810, figuras emblemáticas da capital do então Vice-reinado do Rio da Prata, confrontados com a neutralização napoleónica de Fernando VII, a quem haviam jurado fidelidade, decidem autonomizar a imensa possessão ultramarina enquanto se mantivesse a usurpação da legítima Coroa de Espanha. Quer isto representasse ou não os verdadeiros propósitos da elite crioula a verdade é que este ensaio autonómico resultou, seis anos mais tarde, a 9 de julho de 1816, em separação definitiva da Madre Patria.
Entretanto, se a génese da Argentina deve-se ao Vice-reinado do Prata, este, por sua vez, deve-se... a Portugal. Explica-se: foi justamente a expansão portuguesa em direcção ao rio da Prata que provocou a iniciativa espanhola de criar um vice-reinado com capital em Buenos Aires, que converte-se, a partir de aí, de simples vila portuária em pujante cidade e centro de poder militar.
Em 1680 a Coroa Portuguesa fundava, às margens do Prata e exactamente em frente a Buenos Aires, a chamada colónia do Sacramento. Este facto marca simbolicamente o início de uma longa contenda – ora militar, ora diplomática, ora as duas modalidades em simultâneo, que apenas se resolve quase um século e meio mais tarde, com a criação – diplomática e com a chancela britânica (e maçónica) – do actual Uruguai. A cidade e porto de São Pedro do Rio Grande, a ilha de Santa Catarina, os famosos Sete Povos das Missões (jesuítas) – ou seja, todo o actual estado brasileiro do Rio Grande do Sul, são conquistados ou reconquistados e definitivamente incorporados na Coroa Portuguesa. A própria capital da República Oriental do Uruguai, Montevideo, tem origem lusa: A 22 de Novembro de 1723 tropas portuguseses alcançam a baía de Montevideo e aí assentam acampamento. Em Janeiro do ano seguinte são desalojados pelas forças espanholas enviadas desde Buenos Aires, as quais, prontamente, iniciam a construção de forte e aldeia, embrião da futura cidade. A relação com Portugal não se limita ao período XVII-XIX – foi Fernão de Magalhães quem, ao explorar a área em 1520, cartografou a baía e registou precisamente o monte sobre o qual se edificaria, e com a sua própria nomenclatura, a capital do futuro Uruguai. Outro dado curioso é que, no final do século XVIII, os portugueses constituíam um terço da população de Buenos Aires. O mobiliário e a prataria – de cuja riqueza vários museus e colecções particulares porteñas dão importante testemunho – eram, na sua maioria, obras de artífices lusos, quer radicados aqui, no Brasil português ou na metrópole europeia.
Enquanto os argentinos recordam o 25 de Maio de 1810, vou recordar aqueles portugueses de outros tempos que não mediram sacrifícios para defender os interesses e os direitos de Portugal buscando na América alguma compensação pela ocupação castelhana de 1580-1640. Mas a decadência dos povos não perdoa: dos heróis e legiões que dilataram o Império passámos aos traidores e às cáfilas que fizeram carreira com o esfacelamento físico e moral na única nação euro-ultramarina da História.
A propósito: amanhã é 28 de Maio. Recordemos aqueles que há oitenta e sete anos ousaram cortar o passo aos que levavam Portugal ao abismo. Toda a honra e toda a glória aos obreiros da restauração material e moral da Pátria.
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
Entretanto, se a génese da Argentina deve-se ao Vice-reinado do Prata, este, por sua vez, deve-se... a Portugal. Explica-se: foi justamente a expansão portuguesa em direcção ao rio da Prata que provocou a iniciativa espanhola de criar um vice-reinado com capital em Buenos Aires, que converte-se, a partir de aí, de simples vila portuária em pujante cidade e centro de poder militar.
Em 1680 a Coroa Portuguesa fundava, às margens do Prata e exactamente em frente a Buenos Aires, a chamada colónia do Sacramento. Este facto marca simbolicamente o início de uma longa contenda – ora militar, ora diplomática, ora as duas modalidades em simultâneo, que apenas se resolve quase um século e meio mais tarde, com a criação – diplomática e com a chancela britânica (e maçónica) – do actual Uruguai. A cidade e porto de São Pedro do Rio Grande, a ilha de Santa Catarina, os famosos Sete Povos das Missões (jesuítas) – ou seja, todo o actual estado brasileiro do Rio Grande do Sul, são conquistados ou reconquistados e definitivamente incorporados na Coroa Portuguesa. A própria capital da República Oriental do Uruguai, Montevideo, tem origem lusa: A 22 de Novembro de 1723 tropas portuguseses alcançam a baía de Montevideo e aí assentam acampamento. Em Janeiro do ano seguinte são desalojados pelas forças espanholas enviadas desde Buenos Aires, as quais, prontamente, iniciam a construção de forte e aldeia, embrião da futura cidade. A relação com Portugal não se limita ao período XVII-XIX – foi Fernão de Magalhães quem, ao explorar a área em 1520, cartografou a baía e registou precisamente o monte sobre o qual se edificaria, e com a sua própria nomenclatura, a capital do futuro Uruguai. Outro dado curioso é que, no final do século XVIII, os portugueses constituíam um terço da população de Buenos Aires. O mobiliário e a prataria – de cuja riqueza vários museus e colecções particulares porteñas dão importante testemunho – eram, na sua maioria, obras de artífices lusos, quer radicados aqui, no Brasil português ou na metrópole europeia.
Enquanto os argentinos recordam o 25 de Maio de 1810, vou recordar aqueles portugueses de outros tempos que não mediram sacrifícios para defender os interesses e os direitos de Portugal buscando na América alguma compensação pela ocupação castelhana de 1580-1640. Mas a decadência dos povos não perdoa: dos heróis e legiões que dilataram o Império passámos aos traidores e às cáfilas que fizeram carreira com o esfacelamento físico e moral na única nação euro-ultramarina da História.
A propósito: amanhã é 28 de Maio. Recordemos aqueles que há oitenta e sete anos ousaram cortar o passo aos que levavam Portugal ao abismo. Toda a honra e toda a glória aos obreiros da restauração material e moral da Pátria.
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
domingo, 26 de maio de 2013
DA DEFESA DA EUROPA
Neste momento, em Paris, convocadas por dezenas de diferentes associações, organizações, movimentos e partidos, estão na rua cerca de um milhão de pessoas em defesa do casamento tradicional e da família tradicional; e, portanto, da França! Será possível acontecer o mesmo em Portugal?
PORTUGAL A CAMINHO DO FIM
Noutros tempos, nascia-se e morria-se na mesma casa. De lá, saía-se para dar-se a volta ao mundo; mas, lá se regressava sempre. Depois, voltava-se a saír, para casar, mas retornava-se, com netos — muitos! —, para as festas de família; e, a casa ia renascendo, geração após geração.
Agora, passa-se a vida de casa em casa, quais salta-pocinhas, sem rei nem roque, nem filhos à vista. As casas de família deixaram de ser referências para as terras e para os bairros — o povo ficou órfão dos senhores das terras e os bairros perderam as suas mais dinâmicas e ilustres personagens.
Isto não é fantasia. É — desgraçadamente! — a realidade, nua e crua, e acontece do Minho ao Algarve, em aldeias, vilas e cidades. Após trinta gerações de portugueses, contam-se hoje pelos dedos as casas que atravessaram o século XX nas mesmas famílias; e, sem estas âncoras, as comunidades abriram portas à desorganização e ao caos, substituindo o alto exemplo que antigamente davam as famílias tradicionais pelas novas referências egoístas, exóticas, sub-urbanas e pequeno-burguesas da televisão.
É o fim.
Agora, passa-se a vida de casa em casa, quais salta-pocinhas, sem rei nem roque, nem filhos à vista. As casas de família deixaram de ser referências para as terras e para os bairros — o povo ficou órfão dos senhores das terras e os bairros perderam as suas mais dinâmicas e ilustres personagens.
Isto não é fantasia. É — desgraçadamente! — a realidade, nua e crua, e acontece do Minho ao Algarve, em aldeias, vilas e cidades. Após trinta gerações de portugueses, contam-se hoje pelos dedos as casas que atravessaram o século XX nas mesmas famílias; e, sem estas âncoras, as comunidades abriram portas à desorganização e ao caos, substituindo o alto exemplo que antigamente davam as famílias tradicionais pelas novas referências egoístas, exóticas, sub-urbanas e pequeno-burguesas da televisão.
É o fim.
sábado, 25 de maio de 2013
NASCIMENTO E MORTE DA ACÇÃO REALISTA PORTUGUESA
Em termos de Pensamento, a Acção Realista Portuguesa nasceu em Maio de 1924, com o lançamento da sua revista Acção Realista, e morreu em Outubro de 1950, com o desaparecimento de Alfredo Pimenta.
Em termos de Acção, a Acção Realista Portuguesa nasceu em Dezembro de 1923, em divergência com a Causa Monárquica, e morreu em Maio de 1926, em convergência com o Estado Novo.
Em termos de Acção, a Acção Realista Portuguesa nasceu em Dezembro de 1923, em divergência com a Causa Monárquica, e morreu em Maio de 1926, em convergência com o Estado Novo.
sexta-feira, 24 de maio de 2013
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 68
Introduzi a mão na carteira. Delicadamente a princípio, em frenesim logo depois, porque não surgia nenhum dos célebres papelinhos semanais com as ordens inquebrantáveis da cronista. Abanei-a, virei-a ao contrário e nada.
Pronto. Sequei. Tinha de ser, um dia. Não, não estou a falar da síndrome da página em branco. Sou mulher prevenida e tenho um texto meio preparado para o efeito desde a nona crónica, quando, em total desânimo, achei que tinha esgotado o meu quotidiano logo ali.
Estou antes a referir-me àqueles amargos de boca que nos fazem exclamar em desespero: “Já nem sei o que diga…”
A Europa exauriu-nos. O país seca-nos. Até as palavras se recusam a ser escritas ou ditas.
Nem é por causa de um assunto em particular. É mesmo por causa de todos. Não parece haver situação que não nos ponha tristes, revoltados e angustiados.
Querem carimbar-nos como doidos quando são outros quem vive no manicómio.
Tornámo-nos numa ilha rodeada por todos os lados de desnorteio, insânia, cupidez, despudor e vilanagem. Será que só nos resta esperar que chegue o fim? Ou fabricamos rapidamente uma jangada?
Não estamos verdadeiramente condenados. Impuseram-nos uma pena mas temos sempre direito a recurso. Atravessar o mar de imundície e despoluí-lo. Contrapondo valores a desvalores, indignação a indiferença, impedindo assim que reine o desvario e voltemos a ser terra firme. Soberana.
Leonor Martins de Carvalho
Introduzi a mão na carteira. Delicadamente a princípio, em frenesim logo depois, porque não surgia nenhum dos célebres papelinhos semanais com as ordens inquebrantáveis da cronista. Abanei-a, virei-a ao contrário e nada.
Pronto. Sequei. Tinha de ser, um dia. Não, não estou a falar da síndrome da página em branco. Sou mulher prevenida e tenho um texto meio preparado para o efeito desde a nona crónica, quando, em total desânimo, achei que tinha esgotado o meu quotidiano logo ali.
Estou antes a referir-me àqueles amargos de boca que nos fazem exclamar em desespero: “Já nem sei o que diga…”
A Europa exauriu-nos. O país seca-nos. Até as palavras se recusam a ser escritas ou ditas.
Nem é por causa de um assunto em particular. É mesmo por causa de todos. Não parece haver situação que não nos ponha tristes, revoltados e angustiados.
Querem carimbar-nos como doidos quando são outros quem vive no manicómio.
Tornámo-nos numa ilha rodeada por todos os lados de desnorteio, insânia, cupidez, despudor e vilanagem. Será que só nos resta esperar que chegue o fim? Ou fabricamos rapidamente uma jangada?
Não estamos verdadeiramente condenados. Impuseram-nos uma pena mas temos sempre direito a recurso. Atravessar o mar de imundície e despoluí-lo. Contrapondo valores a desvalores, indignação a indiferença, impedindo assim que reine o desvario e voltemos a ser terra firme. Soberana.
Leonor Martins de Carvalho
quinta-feira, 23 de maio de 2013
QUANDO CHEGARÁ A HORA DOS INTELECTUAIS ACTIVOS?
Portugal é hoje fértil em intelectuais estéreis. Ouvem, vêem, lêem, memorizam; e, depois, passivamente, repetem todos as mesmas coisas. Coisas previamente formatadas pela cartilha do pensamento único politicamente correcto. Compreendo-os. Se assim não fosse, arriscar-se-iam a perder os seus privilegiados lugares, nas televisões e nos jornais, e nenhuma editora publicaria os seus livros. Além disso, pensar pela própria cabeça dá muito trabalho! Quando chegará a hora dos intelectuais activos?
quarta-feira, 22 de maio de 2013
SUBSÍDIOS PARA A CRIAÇÃO DUMA VERDADEIRA POLÍTICA EUROPEIA
Toda a gente tem hoje a palavra «Europa» na boca. Pergunto-me de que falarão eles. Pela amostra do que dizem desconhecem completamente os pilares fundamentais sobre os quais se edificou o Velho Continente. Tudo se resolveria facilmente se lessem os três livros que sintetizam a identidade cultural e espiritual da Europa. São estes: Odisseia, de Homero; Eneida, de Vergílio; A Divina Comédia, de Dante.
ÚLTIMAS PALAVRAS DE UM COMBATENTE CULTURAL EUROPEU
Humberto Nuno de Oliveira presta o alto serviço público de editar um post bilingue no seu blogue pessoal com a última carta de Dominique Venner.
TRADIÇÃO E FUTURO DA EUROPA
A Europa criou uma identidade própria assente em três sólidos pilares: a filosofia grega, o direito romano e a teologia cristã. Saibam hoje as nações europeias estar de novo à altura desta herança para a poderem transmitir no futuro.
terça-feira, 21 de maio de 2013
AINDA E SEMPRE DOMINIQUE VENNER NA BLOGOSFERA
Num momento em que toda a gente quer saber tudo sobre Dominique Venner remeto os meus leitores para os posts que Duarte Branquinho foi produzindo ao longo de vários anos a propósito desse extraordinário Homem de Pensamento e Acção no seu Pena e Espada e no nosso Jovens do Restelo.
ADEUS, PÁTRIA E FAMÍLIA
E eis que, enquanto o triste povinho andava distraído a ver a bola, o sistema laico, republicano e socialista — travestido agora de social-democrata e democrata-cristão — tomou à socapa a criminosa decisão par(a)lamentar de dar mais uma machadada na célula-base da sociedade e pilar da Pátria que é a Família.
segunda-feira, 20 de maio de 2013
CADERNOS INTERATLÂNTICOS (17)
A família de um querido amigo já falecido – um dos grandes diplomatas que já passaram pelas Necessidades – teve a bondade de facultar-me o acesso à sua correspondência com Salazar, assim como às cartas trocadas com Marcello Caetano.
Mediando os quarenta, e a chefiar uma embaixada de primera ordem, o meu amigo cogita abandonar a carreira e dar novo rumo à vida. Via Ministro dos Negócios Estrangeiros o assunto chega aos ouvidos de Salazar. De próprio punho este escreve ao diplomata uma primorosa carta de sete páginas exortando-o a reconsiderar. Com lógica implacável Salazar elenca as razões pelas quais Portugal não pode dar-se o luxo de abrir mão da colaboração de um dos seus “melhores valores”. A missiva surtiu o efeito desejado: em menos de dois meses lá estava o diplomata a assumir uma das embaixadas vitais para a política externa portuguesa em tempos de agressão ao Ultramar. É aí, em período de suma gravidade para a Nação, que vai desenvolver uma acção a muitos títulos brilhante, realizando plenamente os objectivos de política estabelecidos em Lisboa, elevando o prestígio de Portugal a patamares nunca dantes atingidos.
Passa o tempo. Salazar sofre o acidente vascular cerebral que o incapacita e é substituído por Marcello Caetano. Nas palavras deste, habituados tanto tempo ao governo de um “homem de génio”, os portugueses teriam de acostumar-se ao governo de “um homem como os outros”...
Ao fim de cinco exitosos anos no exercício da missão confiada por Salazar, o meu amigo resolve despedir-se da carreira. Marcello Caetano responde com um pequeno cartão de uma só frase, onde lamenta a decisão tomada, indicando, porém, que não tentará demovê-lo da ideia. E com isso dá-se o assunto por encerrado. Em substituição ao diplomata expoente da sua geração Caetano nomeia pessoa completamente estranha à arte das relações internacionais. Homem inteligente e culto, decerto, mas cuja acção política consistiria – na sua própria expressão – em “conquistar o país com vinho e queijo da serra.” E assim, muito folcloricamente, encetou-se a descida do plano inclinado.
Se ainda tinha alguma ilusão a respeito da actuação de Marcello Caetano ao leme da nave Portugal, a leitura de um par de cartas serviu para pulverizá-la. O eminente catedrático demonstrou não importar-se com a saída voluntária de um dos grandes elementos da nossa diplomacia. Não julgou necessária a nomeação de um substituto equipado com os conhecimentos e a experiência mínimamente adecuados. Dir-se-ia que para Marcello Caetano a missão política até então executada com mestria deixava de importar.
De tudo isso fica a imagem de um homem que perante graves problemas e dificuldades, sobretudo frente a um inimigo capaz de tudo, sempre alerta e pronto a ocupar qualquer espaço deixado sem guarda, reduz-se ao imobilismo. Não querendo, não podendo, ou não sabendo reaccionar com decisão, este homem, preso à imobilidade e à dúvida, assiste, impassível, à formação da negra tempestade sobre a linha do horizonte. Espírito derrotista, espera sentado, e com os braços cruzados, o desfecho de algo que pode e deve ser enfrentado com fé, com decisão, com acção. Mas não quer ou não pode ou não sabe agir. Nem mesmo reagir. Considerando-se vencido de antemão fecha-se em si mesmo e incarna o papel mais cómodo de eterna vítima – da voragem da História, dos acontecimentos, dos homens, próximos e longínquos.
O resto é sobejamente conhecido...
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
domingo, 19 de maio de 2013
AINDA A SINERGIA BLOGOSFÉRICA
Chamo agora a atenção dos meus leitores para um livro escrito em verdadeira Língua Portuguesa e que será certamente fundamental para a desmontagem desse dejecto feito projecto que merece ser tratado de aborto ortográfico. Tomem nota: Vogais e Consoantes Politicamente Incorrectas do Acordo Ortográfico, de Pedro Correia. Mais notícias aqui.
DA SINERGIA BLOGOSFÉRICA
Agradeço ao Pedro Correia, culto e dinâmico bloguista do Delito de Opinião, ter dado destaque, na sua interessante rubrica Ler, a um post da minha autoria publicado no Jovens do Restelo. Daqui o saúdo e convido-o a ler-me também neste meu pessoalíssimo Eternas Saudades do Futuro.
DE UM DOS OUTROS SÍTIOS ONDE ESCREVO
Volta e meia publico uma mensagem no blogue colectivo que surgiu na sequência de uma das melhores tertúlias gastronómico-literárias que Lisboa já viu. Infelizmente, hoje em dia, esses almoços, outrora famosos, andam em banho-maria. Eis o meu mais recente post:
Adeus, Pátria e Família.
Adeus, Pátria e Família.
sábado, 18 de maio de 2013
DA MÚSICA
Assisti ontem a um magnífico concerto, de um erudito compositor europeu do século XIX, interpretado por uma extraordinária orquestra portuguesa. Depois, voltei a sentir a sensação de sempre: a música popular moderna, que habitualmente ouço, sob a forma de jazz ou rock, quase toda ela americana, soa-me a lixo. Urge voltar a frequentar as temporadas musicais de qualidade que várias instituições portuguesas oferecem. E, depressa, antes que desapareçam...
sexta-feira, 17 de maio de 2013
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 67
A carteira encontrou uma causa só dela e anda atarefadíssima a tecer estratégias e a organizar as suas congéneres. Pediu-me segredo e assim não vai ser por mim que saberão.
Sou combatente visceral, quase genética, no que se refere a causas. Podem até alguns apelidá-las de perdidas. Não desisto facilmente e não gosto de perder, mas aceito, desde que tenha a consciência cheia de provas de que tentei.
Em Portugal há um extenso menu de variadas causas à espera que os portugueses as tomem como suas: políticas (mudança de regime, de sistema, de governo, contra ministros e decisões), sociais (apoio a crianças, velhinhos, sem-abrigo, doentes, pobres), culturais (defesa da língua, do património, de tradições), ambientais (defesa da paisagem, dos animais, das sementes). Não falta uma causa literalmente em cada esquina, nem que seja para defender a casa ou o jardim que querem destruir.
Com excepção das causas sociais, as mais prementes, em que os portugueses são normalmente extraordinários e discretos, olhando à minha volta, para a família, amigos próximos e colegas, a atitude de alguns normalmente desalenta-me. Mais ainda porque os tenho como conscientes de situações pelas quais poderiam dar a cara e ajudar. Faço logo a extrapolação para o resto da população portuguesa e fico a pensar que realmente muitos portugueses são indiferentes. Refilam para o colega do lado, barafustam no café ou no autocarro, e depois vão à sua vidinha. Há quem fique satisfeito com um apoio a um texto nas redes sociais. Descansa-lhes a consciência.
Por isso também na nossa História recente a guerra tem tido um vencedor à partida: o facto consumado.
É verdade que ninguém sabe bem o que é afinal preciso fazer. Cada vez menos pessoas acreditam no sistema, nos políticos, na justiça, duvidam de petições e acções semelhantes, acham que tudo o que fizerem cai em saco-roto e preferem nem perder tempo.
O pior é que provavelmente têm razão. O sistema está assim montado, controlado e parece que tudo é inatingível, por mais aberrante que seja o caso.
Também não sei o que fazer na maioria das vezes. Espero, como outros esperam, que haja alguém entendido no assunto e saiba exactamente o que tem de ser feito e como. Não precisa de ser líder, mas que tenha o conhecimento necessário e possa ajudar na elaboração de uma estratégia.
Depois, vem outra etapa dura. Convencer os outros, os indignados mas indiferentes. Os que refilam por aí mas se encolhem na altura certa. Convencê-los de que vale a pena. De que estar de braços caídos é uma figura non grata. Para fazer com que os portugueses descalcem os chinelos e iniciem a descolagem são precisos objectivos bem definidos e pessoas que se mexam e façam mexer os outros. Que conheçam a ignição do foguetão para que até o sofá saia de casa, se for preciso.
Tenho tido a sorte de encontrar algumas pessoas assim, às vezes inesperadamente, e a minha fé na capacidade dos portugueses renasce em cada um desses encontros.
Leonor Martins de Carvalho
quinta-feira, 16 de maio de 2013
OS ANTIBENFIQUISTAS VISTOS POR BRUNO OLIVEIRA SANTOS
Dos vários géneros de antibenfiquistas, gosto dos emplastros. Alegram-me os dias ao fim de cada derrota. O emplastro antibenfiquista diz que odeia o clube, trata os seus adeptos de lampiões, mas assiste em silêncio religioso aos jogos do Benfica. Chega a ver mais partidas do que os sócios. Imagino-os sempre aos saltinhos no sofá com a língua de fora à espera do golo dos adversários.
O Facebook permite um registo único do fenómeno. Ao cabo de cada revés, sincronizado com o apito do árbitro, o emplastro antibenfiquista começa a comentar. Estava colado ao ecrã. Os jogos do Benfica mobilizam toda a gente, a favor e contra. Quando jogam os clubes deles, por vezes nem me lembro. Ser grande é isto.
O Facebook permite um registo único do fenómeno. Ao cabo de cada revés, sincronizado com o apito do árbitro, o emplastro antibenfiquista começa a comentar. Estava colado ao ecrã. Os jogos do Benfica mobilizam toda a gente, a favor e contra. Quando jogam os clubes deles, por vezes nem me lembro. Ser grande é isto.
Bruno Oliveira Santos
MINHA ETERNA DÚVIDA DE VELHO DO RESTELO
Será que deveríamos ter partido ou seria melhor termos ficado e reforçado e alargado a nossa presença na Península Ibérica — nomeadamente contrariando a primeira cláusula de Zamora e conquistando a Galiza —, nas Ilhas Atlânticas (ai as Canárias...) e no Norte de África — qual tampão-guardião do Ocidente?
quarta-feira, 15 de maio de 2013
DAS METRAGENS
Curto curtas. São sintéticas e de longo alcance. Fazem-se com objectividade temática e coerência estética. As filmagens e a montagem mantêm-se firmemente fiéis ao estilo visual e sonoro previamente definido. A linguagem cinematográfica está totalmente ao serviço da ideia.
terça-feira, 14 de maio de 2013
DAS AFINIDADES
Por mais voltas que dê na vida, chego sempre à mesma conclusão: as afinidades mais fortes são as de educação. Digo eu, que até gostava que fossem as estéticas; e, também, as ideológicas. Mas, não há nada a fazer, é assim mesmo. Graças a Deus!
DO ETERNO RETORNO E SUAS VANTAGENS
Andarmos em círculos propicia podermos descobrir algo que nos tenha escapado nas voltas anteriores.
O QUE É QUE SE FAZ NAS REDES SOCIAIS?
Traz-se gente para a blogosfera.
Calculo que perto de duas mil pessoas (parece mentira, mas é verdade!) tenham chegado a este blogue pela primeira vez através do Facebook e que, de entre estas, cerca de duzentas tenham ficado visitantes regulares.
segunda-feira, 13 de maio de 2013
CADERNOS INTERATLÂNTICOS (16)
Quando o governo francês – democratérrimo, republicaníssimo, símbolo máximo da trilogia de 1789 – resolve ignorar o resultado do plebiscito de Setembro de 1958 e abandona as populações da Argélia às mãos dos terroristas do FNL, houve quem ousou dizer não à traição e ao abandono (recorde-se o giro de cento e oitenta graus executado pelo mesmo de Gaulle dos “vivas” à Argélia francesa). Um destes franceses dignos do nome foi o General Raoul Salan. Brilhante militar, com o peito coberto por condecorações e uma invejável folha de serviços repleta de menções elogiosas, recusou-se a assistir passivamente à amputação da Argélia francesa, onde várias gerações de europeus e muçulmanos mourejaram na construção da pátria comum. Entre ser cúmplice de de Gaulle no martírio da Argélia, Salan prefere ficar do lado das populações e da pátria que havia jurado defender. Contra a traição e o abandono opta por entrar na luta clandestina ao comando da OAS – Organisation de l’Armée Secrète. Começam os ajustes de contas e à violência levada a cabo pelo governo, decidido a apoiar os terroristas assassinos de quem era fiel à França, a OAS responde com a mesma violência. De Gaulle, alvo primordial, consegue escapar ileso a um espectacular e cinematográfico règlement de comptes. Nas próprias palavras de Salan, a violência exercida pelo grupo que chefiou foi a resposta ao pior tipo de violência que pode existir e que consiste em “arrancar” a nacionalidade àqueles que recusam perdê-la. Em Abril de 1962, após um ano na clandestinidade, Salan é preso e, no mês seguinte, é condenado à prisão perpétua. Em Junho de 1968 é libertado graças a um indulto do próprio de Gaulle.
Como é possível que após meio milénio de Portugal euro-ultramarino não tenha surgido nenhum Salan, nenhuma OAS, para tentar evitar a hecatombe que sobre nós se abateu e nos destroçou para todo o sempre? Como pode ser que não haja surgido ninguém disposto a ajustar contas com os responsáveis pela traição que esfacelou Portugal e atirou milhões de pessoas à morte e à miséria? Pelo contrário: os traidores, os delinquentes e os patifes de toda ordem vêm sendo ouvidos, respeitados e premiados há trinta e nove anos. A que ponto pode chegar a descomposição generalizada de um povo, de uma vontade nacional!
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
sábado, 11 de maio de 2013
DA ARISTOCRACIA E DA CHEFIA
Um verdadeiro aristocrata tem a vocação inata de comandar, e fá-lo através do seu exemplo. Assim sendo, o povo é capaz de segui-lo até ao fim do mundo. Há décadas que não vejo um único, em Portugal. E não ando distraído.
DA VANTAGEM DA MONARQUIA
Na Monarquia o Rei defende o Povo dos ataques de corruptos, cleptómanos, agiotas, usurários, plutocratas, aristocretinos, pulhíticos, e outros idiotas e bandidos.
EM BUSCA DA VERDADE HISTÓRICA
Em todas as épocas, a História que vigora é sempre a contada pelos vencedores. Essencial pois é confrontá-la com a versão dos vencidos.
sexta-feira, 10 de maio de 2013
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 66
Anda a carteira preocupada com o que se passa no país da proprietária, mais o que se passa na vizinhança do país da proprietária e acrescenta ainda às suas preocupações o que se passa nos antípodas do país da proprietária. Se ela soubesse as muitas dezenas de anos de preocupação que já lá vão e as que ainda hão-de vir, acho que desistia e voltava ao país das carteiras…
Como possibilidade terapêutica lembrou-me que as lições sobre as redes sociais ainda não estavam completas. E que um curso destes não pode ser feito recorrendo a equivalências nem aos domingos. Vamos então a um outro capítulo: os grupos.
Comprova-se a réplica da sociedade real na virtual, mas os grupos virtuais de todos os tipos e para todos os gostos têm uma enorme diferença dos grupos do dia-a-dia. É que as pessoas participam muito mais virtualmente do que nas suas comunidades locais. Uma pena. Mas pode ser que esse seja um passo para, mais tarde ou mais cedo, se levantarem do sofá.
Aqueles aspectos negativos irritantes da vida em sociedade de que muitas vezes fugimos a sete pés encontram-se aqui em todo o seu esplendor. A princípio mitigados, por causa da cerimónia inicial, depressa nos apercebemos, especialmente nos grupos políticos, das quezílias entre os egos dos administradores e os egos dos participantes, ou destes entre si. É ver depois saírem pessoas para formar novo grupo, acontecer o mesmo e assim sucessivamente, até existirem dezenas de grupos com o mesmo tema, porque afinal, cada um quer o seu. Usam batotas informáticas para terem mais membros e nem é preciso lupa para perceber que essas dezenas de grupos têm no fundo sempre as mesmas pessoas, alegremente sentadas no cavalinho do carrossel.
O mais hilariante nos grupos é assistir a conversas entre vários perfis falsos e os seus homólogos verdadeiros, pertencendo o prémio Nobel às discussões entre vários perfis falsos, verdadeiros heterónimos, de uma mesma pessoa.
Como sabem, os grupos podem ser abertos (totalmente à disposição do universo), fechados (clubes privados mas ali à esquina) ou secretos (clubes exclusivos com entrada por bola branca).
Os grupos secretos servem normalmente fins políticos, estudantis ou para reunir a família, nestes tempos em que estão muitos distantes. Neste caso até dá para combinar o Natal e é uma óptima forma de mostrar fotografias antigas aos mais novos e de lhes dar a conhecer a história da família.
Há grupos temáticos que são universais, como os das músicas, os religiosos e os culinários, bem como os de carácter mais ou menos cultural.
Não sei bem o que se passa nos outros países, mas em Portugal abundam os grupos políticos: os monárquicos lutando por um lugar ao sol neste regime sufocante, os da sociedade civil a querer organizar-se sem saber bem como, os que se juntam para a defesa de valores como a língua portuguesa ou o património, natural ou edificado.
Outros grupos que penso serem muito característicos de Portugal são os dedicados às terras, desde o nível da freguesia, passando pelos concelhos (distritos, menos) até à Província, incluindo as antigas províncias ultramarinas. Coexistem com a outra variedade possível de divulgação, que é a página, mas esta permite menos interacção e os portugueses gostam é do social.
Muitos dos membros desses grupos até já lá não vivem, são emigrantes ou migrantes para as urbes. Matam assim saudades, põem fotografias, contam histórias, relembram personagens, revêem amigos de infância…
São estes os grupos pelos quais sinto mais carinho. Provam o amor às raízes que abordei na crónica anterior. Dão esperança de que os laços criados e recriados possam ser suficientemente fortes para continuarem a defender o que é seu.
Leonor Martins de Carvalho
quinta-feira, 9 de maio de 2013
NOTÍCIA INTERNACIONAL DE ÚLTIMA HORA. JÁ É OFICIAL:
A União Europeia foi reconhecida para todos os efeitos como legítima e única herdeira da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.
NOTÍCIA NACIONAL DE ÚLTIMA HORA. JÁ É OFICIAL:
Portugal alcançou mais uma exemplar série de dês: Desorganização. Destruição. Desolação. Déficit. Dívida. Desemprego. Desconfiança. Descrença. Debandada.
TRADIÇÃO PAGÃ E SOLENIDADE CRISTÃ
Dia da Espiga e Quinta-Feira da Ascensão. Portugal verdadeiro viverá enquanto cultivar as telúricas tradições ancestrais e simultaneamente se mantiver crente e fiel à liturgia cristã.
quarta-feira, 8 de maio de 2013
DOS LIVROS E DOS HOMENS
Folheando rapidamente alguns volumes, num sítio de livros usados, dei-me conta de que vários deles eram provenientes da biblioteca particular de alguém que conheci bem, pois estavam marcados com o seu ex-libris. Não foi a primeira vez que algo semelhante me aconteceu. Na verdade, vai-me sucedendo cada vez mais. E fiquei novamente a matutar sobre as razões que levarão as viúvas, os filhos e o netos a empandeirarem desta maneira colecções que foram construídas durante longos anos, e com tanto amor, por parte de notáveis bibliófilos.
DAS ÁRVORES E DOS HOMENS
Atravessando apressadamente um jardim onde existe uma árvore que há muito me suscita a dúvida sobre o seu nome, encontrei finalmente lá hoje um jardineiro e pedi-lhe para me dizer que espécie era aquela. Respondeu-me que realmente trabalhava ali mas que não percebia muito de árvores e portanto não sabia. Mais um sinal evidente do fim de um mundo onde outrora era conservada e transmitida uma sabedoria popular que enriquecia a cultura geral.
SÉTIMA ARTE E HISTÓRIA UNIVERSAL
Film noir é um género fílmico que sempre apreciei. E os tempos que vivemos dão o mote que faltava para revermos essas fitas. Décadas depois, a História e as histórias repetem-se. Já se sabe...
segunda-feira, 6 de maio de 2013
CADERNOS INTERATLÂNTICOS (15)
Diziam as mentes muito sofisticadas que Portugal, para ser moderno, teria que desvencilhar-se do Trono e do Altar - e assim foi feito. Diziam os bem-pensantes que Portugal, para ser moderno, teria de "partir-se em partidos" e viver em permanente guerra civil. Diziam os arautos da evolução que Portugal, para ser moderno, deveria ter o "bem" e o "mal" definidos pela aritmética. Diziam as criaturas muito evoluídas que Portugal, para ser moderno, teria de correr com gentes e terras que eram parte integrante do corpo nacional, entregando-as ao comunismo soviético, ao custo do sangue de milhões de inocentes. Diziam os solícitos luminares que Portugal, para ser moderno, deveria abdicar da sua soberania e diluir-se em algo que dá pelo nome de União Europeia. Diziam incontáveis sumidades que Portugal, para ser moderno, deveria proceder à liquidação da agricultura, das pescas, da indústria. Diziam os de inteligência muito afiada que Portugal, para ser moderno, deveria reger-se segundo a cartilha e os interesses de outros “grandes” países. Diziam os de mentalidade muito evoluída que Portugal, para ser moderno, deveria liberar a tortura e a execução dos nascituros, inocentes e indefesos. E que deveria fazer da sua nacionalidade um ordinário papelinho entregue a quem quer que aparecesse por estas bandas. E que deveria considerar “matrimónio” o emparelhamento de pessoas do mesmo sexo. Pois assim tem sido feito: com afinco, alegria e a certeza de um serviço bem prestado. Mais modernos do que isto é impossível. Falta muito pouco para atingirmos a plenitude da modernice.
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
Até para a semana.
Marcos Pinho de Escobar
sábado, 4 de maio de 2013
SOBERANIA E LIBERDADE
Portugal voltará a ser soberano e os portugueses livres quando abandonarmos a união europeia e sairmos da moeda única.
LUFADA DE AR FRESCO
Numa rua por onde às vezes passo, comecei a cruzar-me com atléticas jovens senhoras em trajes desportivos. E logo me interroguei sobre a causa de tão belas visões. Ontem descobri a razão. Deve-se este doce movimento à recente abertura de um ginásio feminino. Curiosamente, esta coisa dos estabelecimentos exclusivamente para mulheres deve configurar delito de discriminação de género (parece que é assim que agora se diz). Mas, por outro lado, abençoados sejam estes lugares. Fazem soprar uma brisa purificadora sobre a actual fealdade da cidade de Lisboa.
OUTROS BLOGUES
Volta e meia publico uma mensagem no blogue colectivo que surgiu na sequência de uma das melhores tertúlias gastronómico-literárias que Lisboa já viu. Infelizmente, hoje em dia, esses almoços, outrora famosos, andam em banho-maria. Eis o meu mais recente post:
Limpinho.
Limpinho.
sexta-feira, 3 de maio de 2013
CARTEIRA DE SENHORA
DIA 65
Como não era exactamente para fora, trouxe a carteira, sem apelo nem agravo. Nem quis dar ouvidos às reclamações constantes pelo caminho. Tive de parar a meio e enfiá-la junto com o resto da bagagem, bem longe do meu alcance auditivo. Pediu explicações para esta deslocação extemporânea. Tê-las-á à chegada.
Quando tinha uma dúzia de anos e os meus irmãos pouco menos, a nossa mãe decidiu levar-nos a conhecer mais das nossas raízes. Num caso era mais reencontrar, pois tinha feito parte da nossa infância (Cinfães do Douro. Não há outro mas gosto assim) e noutro, foi a aventura do Minho e da Galiza. Nunca mais esquecemos. Ajudou-nos a recriar laços, a fortalecer o sentimento de pertença, neste caso alargado a uma parte que é quase como nossa.
Resolvi manter a tradição com a minha filha. Quando era mais pequena mostrei-lhe a praia onde passei férias durante muitos anos e toda a região circundante, que conhecia bem por causa dos passeios que os longos Verões proporcionavam. Agora, trouxe-a bem mais a norte, e voltei a Cinfães. Não é nada estranho o quão em casa me sinto. Ainda guardo memórias e crio outras.
Sejam todas do mesmo sítio, de vários ou de um local novo, é impossível dispensar as raízes. Não é coisa que se possa deitar fora sem consequências. Graves.
Reconhecemos os desenraizados quando vemos aqueles a quem pouco lhes importa se vai abaixo uma parte da vila ou da aldeia, ganhem ou não com isso. Sem saberem que perdem sempre.
Alguém desenraizado não consegue apegar-se, não consegue sentir a terra como sua. Não tendo passado, não pode ter futuro.
Saber de onde se vem, ter-se orgulho disso, manter e regar as raízes, deve ser-nos inerente. Algo nos liga à terra. E são essas raízes, cada uma delas, que nos fazem amar Portugal.
Sem raiz não sobrevive a planta. Sem gente com raízes não sobrevive um país. Sem amor às raízes, quem o defenderá?
Leonor Martins de Carvalho
quinta-feira, 2 de maio de 2013
REFLEXÃO ETIMOLÓGICA
Compreendo perfeitamente que se diga que a televisão é um escape; de facto, também ela, quase sempre, polui a atmosfera.