quarta-feira, 31 de julho de 2013

DO FACEBOOK (8)*

E de repente toda a gente faz statements nos status.

* Alerto os nóveis leitores para o facto de ser esta uma série consagrada à observação e análise da famosa rede social. Enfim, um fartote!

DO RITMO BLOGUÍSTICO

Nos blogues, à semelhança dos diários, é suposto escrever-se todos os dias. Contudo, há dias em que nada há a dizer. E, no entanto, essas páginas em branco falam por si. Além do mais, servem a minha muito querida estética minimalista.

terça-feira, 30 de julho de 2013

UM GOLPE MORTAL DADO NO PODER LOCAL

A Câmara Municipal de Lisboa – laica, republicana e socialista – deu um golpe mortal nas comunidades orgânicas da capital:
 – Divorciou as freguesias das paróquias. Ou seja, o território e a população das freguesias deixou de corresponder ao território e à população das paróquias.
 – Tirou os nomes dos Santos das freguesias.
Coisas estas que nem a famigerada I República ousou fazer. Assim se apagam 900 anos de História de Portugal. 

AINDA A PROPÓSITO DA CULTURA

Perturba-me ver gente inteligente inculta, mas mais sinistro ainda é ter de lidar com indivíduos da cultura sem inteligência.

CULTURA E POLÍTICA

Através da cultura influencia-se a política. Com a vantagem de dispensar a maçada da conquista e conservação do poder. Saibamos transmitir pelas artes e letras os valores estéticos e éticos que queremos ver na coisa pública.

DAS FÉRIAS

Terminei as tarefas anuais obrigatórias, mas feitas a gosto. Agora, há que gozar Agosto.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (27)

Durante largos anos – quando ainda lia jornais – cultivei o hábito de guardar em ficheiros improvisados artigos e notas que pareciam de interesse. Com este costume vinha outro: o de comparar, de tempos em tempos, o que ali se comentava ou se previa, com que veio a produzir-se depois. A falta de espaço, mesmo mitigada pelos recursos da informática, impõe o ritual spring cleaning, nem sempre coincidente com a estação das flores. Pois foi durante a última arrumação que encontrei o comentário de um leitor a um artigo de Jean d´Ormesson, grande escritor e académico francês, publicado no Figaro, em janeiro de 2000, e que versava sobre os possíveis acontecimentos que marcariam significativamente o fim do século XX. Para o ilustre homme de lettres estes poderiam ser: a) uma explosão nuclear catastrófica, b) a descoberta de alguma forma de vida fora do planeta terra, c) a clonagem de um ser humano. Segundo o referido leitor, o autor do sublime Au plaisir de Dieu havia-se esquecido de mencionar o acontecimento mais provável e mais próximo: o desaparecimento da Europa actual sob o peso da imigração, processo em plena execução e que marca não o fim do século XX, mas o fim de vinte séculos de civilização cristã. Dou-lhe carradas de razão. Volvidas quatro décadas e meia sobre o alerta de Enoch Powell – quando ainda era possível barrar o fenómeno e inverter a tendência –, nada foi feito, ou melhor, tudo foi feito, mas ao contrário. Das fronteiras escancaradas passou-se à ausência de fronteiras, da imigração em massa chegou-se à invasão, ao desvirtuamento e banalização do conceito de nacionalidade, à subalternização desavergonhada do autóctone – em suma: à descarada substituição populacional. Aqui não há obra do acaso, nem dos elementos. É política traçada com régua e compasso. Os senhores da Europa sabem muito bem o que querem e para onde vão, mas não é bom o que querem nem é para o bem que nos estão a levar.

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar

sábado, 27 de julho de 2013

DA BLOGOSFERA DE QUALIDADE

O meu caro convidado semanal das segundas-feiras acaba de abrir um espaço histórico-cultural na blogosfera para falar de uma matéria em que é um dos maiores especialistas mundiais: Salazar e Maurras, de Marcos Pinho de Escobar. 

DA DEMOCRACIA CRISTÃ

Simultaneamente divertido e triste é ouvir agora uma quantidade de gente que nada sabe de ideias políticas andar sempre com a expressão «democracia cristã» na boca. Para os poucos desses que gostam de aprender e para os menos ainda deles que lêem alguma coisa, deixo aqui uma ligação: CADC. É com orgulho que encontro o nome do meu Avô João Marchante na lista completa dos sócios desta centenária organização.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 77

Outra semana, outro dia, outra volta a temas. A carteira não desiste e não me deixa desistir. Andamos aqui às voltas e o país também.

É um baile. Um baile onde os pares são sempre os mesmos, exceptuando umas trocas, de vez em quando, para baralhar. Todos esses dançarinos têm um cartão ao peito onde está inscrito o seu nome em letras bem visíveis (gostam que se saiba). As cores são diferentes, mas nem por isso a variedade é muita. Há os que dançam e há os que observam, ansiando pela sua vez e refilando sempre muito e muito alto.

A música não é de boa qualidade mas como os bailarinos são medíocres, tal não lhes parece fazer diferença.

No salão está sempre presente um mestre-sala ou de cerimónias escolhido de quando em quando pelos pares, que não percebe nada do assunto e por diversas vezes já fez estragos consideráveis. Escolhe mal as músicas, namorisca com os dançarinos, manda parar tudo a meio de uma polca, quer ir para o centro da sala e tropeça nos pares, enfim, nada recomendável.

O salão de baile é magnífico, cheio de tradição, com algumas paredes pintadas em trompe-l’oeil, espelhos, lustres e janelas enormes, de um lado a dar para o jardim, do outro para o mar, mas está cada vez mais délabré por causa de vandalismos (estes dançarinos são mesmo uma nódoa e vingam-se) e pela falta de manutenção. Andaram a gastar dinheiro em anexos dispensáveis como piscinas e rotundas nos acessos e esqueceram o principal.

Remetidos para a sala ao lado ou nos jardins estão todos os que não têm cartão colorido. Só estão autorizados a ver as danças de longe. De quando em vez lá aparece um dos dançarinos que acena e diz umas palavras bonitas escritas em papel couché.

- Alto e pára o baile! apetece-nos dizer.

Agora, aquela coisa a que chamam acordo ortográfico transformaria a frase em alto e para o baile, o que significaria coisa diversa. Não me parece. Queremos mesmo que o baile pare. Acabem com essa dança privada e devastadora. Parem de estragar mais o salão. 

E agora, deixem-me fazer a mala. Vou de fim-de-semana ao campo apanhar ar puro. É que neste salão a atmosfera está irrespirável.

Leonor Martins de Carvalho

quinta-feira, 25 de julho de 2013

NASCIMENTO DO FUNDADOR

DATAS FUNDACIONAIS

Portugal nasceu a 24 de Junho de 1128 (Batalha de S. Mamede), baptizou-se a 25 de Julho de 1139 (Batalha de Ourique) e registou-se a 5 de Outubro de 1143 (Tratado de Zamora).

quarta-feira, 24 de julho de 2013

DOS PODERES OCULTOS

Os americanos tornaram-se especialistas na arte de fazer guerras em nome da paz. Transformaram-se assim em idiotas úteis. Fazem o trabalho sujo dos poderes ocultos.

DO CHEIRO DOS LIVROS

Tenho o hábito de cheirar os meus livros. São quase todos velhos. Portanto, os seus aromas transportam-me no tempo e no espaço. Fragrâncias de tabacos, lareiras, madeiras, flores... Assim se vão recordando, ou imaginando, pessoas e lugares.

DA VIDA POLÍTICA

As repúblicas também têm reis: a primeira, teve Sidónio; a segunda, Salazar; a terceira, ainda está à espera...

DA VIDA SOCIAL

Quando conheço alguém que não bebe vinho, coloco logo três hipóteses: estará com um problema de saúde, será uma questão de religião ou terá falta de gosto?

segunda-feira, 22 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (26)

Una tesis doctoral defendida recientemente en la Universidad Católica Argentina examina las fuentes maurrasianas del pensamiento político de Oliveira Salazar.  Al ceñir el objeto de estudio a los conceptos de Estado, Nación, Orden y Autoridad, al politique d´abord y al empirismo organizador, este trabajo descriptivo, comparativo e interpretativo sugiere que la influencia de Maurras sobre el estadista portugués es más amplia y compleja de lo que generalmente se cree y pone al descubierto algunas coincidencias remarcables.

La presencia del filósofo provenzal comienza en la preocupación fundamental de Salazar con el orden –de origen Divino y orientado hacia el bien común.  Ésta continua en la crítica del Estado demoliberal y el rechazo del Estado totalitario; la necesidad de un Estado fuerte pero limitado, capaz de cumplir su función fundamental –el mantenimiento del orden; un Estado comandado con unidad de pensamiento, de voluntad y de acción, independiente de la opinión y del poder financiero, dedicado al ejercicio de las funciones que le son propias; un Estado bien construido como un espectáculo de orden y unidad, « una obra maestra de la civilización »; la subordinación del Estado a la Nación, base del edificio político salazariano; el intento de restauración de los principios del orden tradicional con un Poder caracterizado por cuatro atributos esenciales –fuerza, independencia, estabilidad, prestigio–, y el establecimiento de cámaras orgánicas de tipo consultivo.

Como Maurras, Salazar concibe la Nación como el valor supremo en el orden temporal. Orgánica y no contractual, obra material y espiritual, realidad tangible y positiva, ella debe ser protegida, aumentada y transmitida.  Salazar es consciente que frente a la Nación, el individuo es un deudor neto y nato, ya que recibe infinitamente más de lo que aporta. Entiende que la unidad es un rasgo esencial y fundamento de la Nación y anhela que ésta sea eterna, perpetuada como la familia, mediante la sucesión generacional y la transmisión del patrimonio. «Madre e hija de nuestros destinos», en la expresión de Maurras, Salazar confirma esta doble dependencia: «Somos porque nuestros ancestros fueron; y solamente continuando sus esfuerzos y sus sacrificios somos señores de nuestra tierra y de nuestro destino».

La herencia maurrasiana prosigue en la noción de Autoridad necesaria, fuerza creadora del orden y de toda buena obra humana; un medio y no un fin, una carga y no un privilegio; fundamento de la sociedad.  Se advierte la misma tensión entre Autoridad y libertad presente en la reflexión del jefe de la Action française: la fórmula de equilibrio del portugués –«conciliar la libertad posible y la autoridad necesaria»– refleja la noción maurrasiana de «autoridad arriba, libertades abajo». La Autoridad como realidad, «un hecho y una necesidad»; un don de la Providencia; paternal; caracterizada por la unidad –de pensamiento y de acción– para corresponder a la unidad esencial de la Nación; estable en su ejercicio y vigencia; independiente de las facciones, de los «caprichos anárquicos de la opinión», de la influencia de la plutocracia; naturalmente sabia –virtud de la prudencia, saber teórico y práctico resultante del estudio y de la experiencia– y educadora.

En lo que concierne al politique d´abord, se examina la evolución de Salazar, quien, partiendo de una interpretación estricta –y, en consecuencia, un rechazo–, termina por una lectura en sintonía con Maurras y por la aceptación de la validez del principio aplicado a la realidad portuguesa.  Respecto del empirismo organizador, se observa que el sistema de análisis empleado por Salazar –pasar revista a la historia patria, examinar las experiencias políticas concretas para de ellas extraer constantes y lecciones fundamentales, las cuales, una vez encuadradas por principios superiores, se transforman en hoja de ruta– corresponde al método maurrasiano.

Maurras fue un admirador incondicional de la obra de restauración moral y material llevada a cabo en Portugal por el catedrático de la Universidad de Coimbra. Dotado de “la sensatez eterna” y de “la antigua sabiduría”, Salazar fue, en las palabras del teórico monárquico, “el modelo a seguir”.

Hasta la próxima semana.

Marcos Pinho de Escobar

sábado, 20 de julho de 2013

UMA VIDA LONGA E FRUTUOSA

Tive o privilégio de conhecer o Dr. António da Cruz Rodrigues quando ele já tinha realizado muitos projectos na vida e quando já tinha travado algumas batalhas políticas e culturais em que não foi possível acompanhá-lo, tais como o Centro de Estudos Sociais Vector, a Universidade Livre, ou a revista “Resistência”.

Se é verdade que o Dr. António da Cruz Rodrigues foi um homem de acção, tornou-se óbvio para quem esteve com ele em qualquer projecto de cariz cultural ou político, que ele também foi um homem de pensamento. Recordo-me de, a este propósito, me ter apontado Jean Ousset como uma das suas maiores referências na formação do seu pensamento social e político.

As preocupações culturais, sociais e políticas do nosso tempo foram para o Dr. António da Cruz Rodrigues verdadeiros desafios a que procurou dar resposta, sabendo congregar esforços e pessoas ao seu lado.

No campo cultural, além da revista “Resistência”, destaca-se a Editora Nova Arrancada e o Forum de Amizade Galiza-Portugal.

A Pátria, a Nação, foram sempre realidades políticas muito vivas, que colocou, sem dúvida, no centro do pensamento e da acção política. Ele falava de Pátria e de patriotismo quando era mal visto fazê-lo, nos idos de 70 e 80. Hoje, que a Pátria quase não existe, mergulhada em dívidas, os políticos do regime voltaram a lembrar-se da Pátria; não há hoje nenhum que não seja patriota.

Quando se tratou de sondar, afinal de contas, quem eram e o que pensavam os nacionalistas portugueses sobre os variados temas políticos, organizaram-se os Congressos Nacionalistas e esse objectivo foi cumprido. Nessas iniciativas teve relevância a Aliança Nacional como grupo de reflexão e dinamização, desde meados dos anos 90.

O Dr. António da Cruz Rodrigues tinha muito claro que para criar, debater, difundir ideias e fazer política com base em ideias não é preciso partidos políticos. Aliás, actualmente os partidos políticos parecem fazer tudo menos ter um corpo coerente de ideias e actuar em consequência. Há até partidos em que os seus candidatos se recusam a dizer o que pensam sobre variados assuntos, se é que pensam alguma coisa. Mas a verdade é que em política há sempre ideias por trás, mesmo, e sobretudo, quando os políticos garantem que não há. E isso é o pior de tudo, porque significa que querem esconder as agendas políticas reais, como temos visto acontecer nos últimos anos com a agenda da ideologia do género. Nas campanhas promete-se economia e crescimento. Depois, na legislação o que aparece é a ideologia do género e a questão homossexual.

Não obstante a actuação cultural, social e política do Dr. Cruz Rodrigues se ter pautado quase sempre por associações independentes de partidos, ele, em momentos pontuais da sua vida política, não fechou as portas a propostas de colaboração partidária, fosse antes como candidato à Câmara Municipal de Seia, fosse depois, de 2000 a 2002, como Presidente do Partido Nacional Renovador.

Mas, desengane-se quem pensa que a contribuição do Dr. Cruz Rodrigues para a sociedade portuguesa se fica por aqui. Nada disso. Ele foi um dos que sempre considerou que quando alguma coisa não está bem, a resposta é fazer melhor. E foi isso que ele fez em prol do ensino e da formação profissional através da Escola Profissional da Serra da Estrela, em Seia, tendo como horizonte o desenvolvimento da região da Beira Alta.

Pai de família numerosa, o Dr. Cruz Rodrigues teve na Fé Cristã a luz que guiou os seus passos na vida, com naturalidade e sem excentricidades. É por tudo isto que eu confidenciava há dias aos filhos que devíamos dar graças a Deus porque a sua vida neste mundo foi longa e frutuosa.

A minha mais sentida e emocionada homenagem ao Cristão, ao Português, ao Amigo.

Manuel Brás

sexta-feira, 19 de julho de 2013

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 76
Regressada a carteira do seu exílio irrevogável, chegámos a consenso quanto ao tema de hoje. Volta a ser o acordo ortográfico de pés de barro, ou mais propriamente, a propósito dele e do anúncio de que uma petição pela desvinculação de Portugal ao tal desacordo vai a plenário no Parlamento, mais mês, menos mês.
As causas que conseguem reunir gente de todo o lado, gente que provavelmente só tem entre si esse ponto de contacto, como as causas ligadas à defesa do património (e a língua também o é), provam que nós, os do lado de cá, ainda sabemos pensar a longo prazo e no interesse nacional. Verifica-se que os do lado de lá não sabem o que é isso. Nem lhes interessa esse interesse. Não estão lá para isso. Se estivessem, sabiam ouvir.
É nestas causas transversais que mais se nota a distância entre as pessoas e os seus supostos representantes. Sejam eles quem forem. Confirma-se que há uma crise de representação. Não é só cá, não é só de agora, mas é a de cá e a de agora que me interessa. 
Voltando ao tema, dos mais de trezentos que se sentam naquelas bancadas, não chegaram aos dedos de uma mão os bravos que resistiram à “coisa” em 2008. 
E depois de uma petição que, em 2009, já tinha mais de 113000 assinaturas (vai mesmo assim para perceberem bem a dimensão) não houve uma mente daquele sítio que se pusesse a pensar se realmente a decisão teria sido correcta ou se estaria até a trair os seus eleitores? É o partido, não é? Os interesses do partido. Pois. Os interesses da Nação é que parece que não são para ali chamados.
Agora, e antes de qualquer deliberação, convidava os senhores decisores a um simples exercício: um ditado. Criado em vossa honra e para ser escrito à mão, claro, sem ajuda dos “corretores”, que por sinal até andam enganados. E para cada palavra do ditado em que se permitam as famosas facultatividades de grafia, teriam ainda de as indicar todas.
Vão poder ter assim o privilégio de mergulhar no mundo maravilhoso das tão glorificadas irmãs, a simplificação e a unificação. E conhecer a tortura e desaprendizagem a que estão a sujeitar as crianças.
Se até à discussão da petição, for entretanto a Assembleia dissolvida e aquela acabe no fundo de uma gaveta, que aí haja ainda um punhado de bravos de uma ponta à outra que retomem a iniciativa das tantas vezes tentadas petições.
A esperança é a de que finalmente acordem, reconheçam que foram enganados por alguns e passem não só a ouvir e sentir os portugueses, como, principalmente, reaprendam a amar como eles a vossa língua e até as suas variantes, que tanto a enriquecem e são testemunho da nossa passagem pelo Mundo. Penso que só têm a ganhar com isso. No mínimo um pouco mais de respeito. 
É o último grão de soberania que nos resta, a língua. Uma machadada mais e deixamos de Ser.
Leonor Martins de Carvalho

quarta-feira, 17 de julho de 2013

DO MUNDO ME(R)DIÁTICO

Os meios de distracção social continuam a reger-se pela sinistra cartilha que é aviada aos alunos dos cursos de intoxicação do ensino inferior pelos seus falsos gurus feitos a martelo nos idos anos revolucionários. Esses rapazolas, depois de mal formados e devidamente formatados, chegados aos meios de desinformação, aplicam a seguinte linda regra que lhes ensinaram: «o que não aparece na televisão, não existe». Vai daí, com a cachimónia feita pelas ideias tortas, não dão tempo de antena a quem pensa pela sua própria cabeça. Ficam assim todos contentinhos por exercerem o seu poder de silenciamento, a bem do politicamente correcto. Mal sabem eles que essa ditadura do pensamento único só ajuda a gerar uma contra-corrente que cresce sem se ver e que um dia dará lugar a uma enorme revolta nacional.

terça-feira, 16 de julho de 2013

AINDA A PÁTRIA E A NAÇÃO

A terra do povo é o solo consagrado pelo sangue dos seus antepassados.

DA NAÇÃO E DA PÁTRIA

Todo o povo tem direito à sua terra e o dever de se organizar nela.

AINDA E SEMPRE A LIÇÃO DOS ANTEPASSADOS

A nação tem uma língua-mãe.

AINDA A LIÇÃO DOS ANTEPASSADOS

Pátria é terra e nação é povo.

DA LIÇÃO DOS ANTEPASSADOS

A pátria ressuscitará quando os vivos honrarem os mortos com fidelidade ao seu exemplo.

DA MERDA

A fim de fugir a estes tempos de merda leio livros e vejo filmes sobre a Idade Média.

DAS MOSCAS

Temos uma troika externa e temos uma troika interna. Triste terceira república.

segunda-feira, 15 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (25)

É delicioso escutar os apelos para a formação de um governo de salvação nacional. Estão duplamente de parabéns os propositores de tal solução, todos partidocratas sem mancha. É que sin querer queriendo reconhecem que o princípio de partido é prejudicial à solução dos problemas nacionais, age em contra da boa administração. E com isto, estão a render homenagem ao seu grande papão, Salazar.  Para o arquitecto do Estado Novo, para quem a unidade é rasgo essêncial da Nação, é um bem sem preço, os partidos mostram-se úteis apenas em uma ocasião, e mesmo assim em forma deficiente: quando se unem, ou seja, quando negam-se a si mesmos.  De nada adianta gritar pela substituição de pessoas na (des)governação enquanto existirem partidos a carcomer o corpo nacional.  Os partidos são tumores e urge extirpá-los.

Vivemos em um regime ilegítimo, na sua origem e no seu exercício. Em resumidas contas: na sua origem porque fundamenta-se no mito perverso da soberania do povo e no sufrágio universal – “a mentira universal” como lhe chamava Pio IX –; no seu exercício porque não tem o bem comum como objectivo.

Soberania do povo, sufrágio universal e partidocracia – as três desgraças que se abateram sobre a sociedade dos homens. Literalmente “talhadas” pela guilhotina, a “lâmina de barbear democrática” na expressão de Maurras. Boa matéria de reflexão, sobretudo para um 14 Julho.

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar

domingo, 14 de julho de 2013

DE REVOLUÇÃO EM REVOLUÇÃO ATÉ AO CAOS FINAL

Historicamente, a revolução americana de 1776 é a raiz das revoluções mundiais e mundialistas dos séculos seguintes. Curiosamente, todas elas serão engendradas e financiadas pela mesma gente (mas essa é outra história e não posso escrevê-la aqui). Destas, destacam-se — como política, social e economicamente determinantes — a francesa, de 1789, e a russa, de 1917. A primeira, feita pela burguesia, instala a democracia liberal capitalista. A segunda, levada a cabo pelo proletariado, impõe  o socialismo. Estes dois sistemas, que mais não são do que duas faces da mesma moeda, passam a ser universalmente hegemónicos, após terem vencido, enquanto aliados, a II Guerra Mundial. De seguida, depois de longos anos de «guerra fria», o totalitarismo comunista será derrotado definitivamente pela auto-implosão do seu  regime soviético. Hoje, o mundo vive apaticamente e apatridamente sob o domínio global e globalista do capitalismo demo-liberal.
Até quando?   

sábado, 13 de julho de 2013

DAS NOVAS FORMAS DE CONSERVAR A TRADICIONAL ARTE DE CONVERSAR

Durante anos a fio — os de saída da adolescência e entrada na idade adulta —, andei sempre com um caderno, de capa preta dura e folhas brancas lisas, metido na algibeira do blazer, ou do blusão de cabedal, ou na mão, estivesse eu num café, num cinema, numa tertúlia, num concerto, num fim-de-semana alucinante, ou numa viagem distante. Na sequência deste hábito, possuo dezenas deles guardados; mas, não convenientemente organizados. Tenho a clara sensação que ganharei em lê-los com bastante distância temporal, e sei que me surpreenderei quando o fizer. Só espero não me assustar com o que lá vier a ver quanto lhes puser de novo os olhos em cima. Anseio sim por encontrar lá registadas sínteses das melhores conversas que tive nesses saudosos anos.
Aqui, neste bloco de apontamentos dos novos tempos digitais, a coisa processa-se de diferente maneira; pois, todos os santos dias pomos a escrita em dia e deitamos conta à vida, através das mensagens anteriores e do arquivo (sempre à mão de semear). Acresce ainda a isto, muito especialmente, a interacção com amigos que nos enriquecem com oportunas trocas de opiniões feitas por computador, telemóvel, ou ditas de viva voz — por vezes até ao vivo e a cores (as melhores, porque mais saborosas). Desta forma, lançando pontes, trata-se já de conversar — essa superior arte que permite estabelecer e definir afinidades.
À laia de remate, posso dizer que consegui assim colocar ao meu serviço os modernos canais de comunicação, tendo no entanto a certeza de ser o tradicional contacto directo o fim que justifica a utilização dos novos meios.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 75
Surpresa total! A carteira, em vez de um papelinho rabiscado com indicação do tema, deixou uma folha A4 dobrada várias vezes (muito mal dobrada por sinal, herança não genética mas por osmose desta sua proprietária).
A medo mas curiosa, desdobrei aquele quase embrulho e deparei-me com a seguinte missiva, escrita em letras garrafais e palavras rasuradas em desnorteio mas felizmente em português sem aberrações ortográficas:
Querida dona, 
(nunca consegui que me tratasse pelo nome, gosta de manter a distância)
Peço desculpa de não ter feito um pré-aviso, mas acabei de tomar a decisão de partir. 
(aqui parei e temi pelo meu posto de trabalho, mas lá arranjei forças para continuar)
Este vosso país consegue pôr-me os nervos em franja, mais ainda que a minha própria pátria. Não aguento. Estou tonta com tantas danças e contradanças, recuos (nunca avanços) e amuos, descontrolo total de governação, personagens sinistras fora da prisão, análises irreais, discursos surreais.
(como era neste parágrafo que se concentravam a maior parte das rasuras, penso que se foi arrependendo de algumas palavras porventura menos polidas)
É o país mais estranho em que vivi. A verdade não parece interessar a ninguém e a soberania muito menos. 
Vou-me embora. Regresso à bela nação das carteiras numa mala de cartão. É irrevogável, mas ainda volto. O tempo de respirar ar saudável, mergulhar na tradição e abraçar as conterrâneas honestas.
A sempre sua,
Carteira de senhora.
Traduzindo a linguagem política que usou, percebi que com sorte a estada durará uma semana. Estão proibidos de lhe contar que suspirei de alívio. Já não sobrevivo sem esta carteira, mesmo vazia.
Leonor Martins de Carvalho

quinta-feira, 11 de julho de 2013

PORQUE PARA COMPREENDER A III É PRECISO CONHECER PRIMEIRO A I

A «República Velha» (1910-1917), de Vasco Pulido Valente, edição Alêtheia Editores, Lisboa, 2010.

terça-feira, 9 de julho de 2013

DA CRIAÇÃO ARTÍSTICA

Há 62 fotografias da minha autoria em colecções públicas e privadas no estrangeiro e em Portugal. É um enorme prazer saber que estou assim representado em instituições e casas de desconhecidos, conhecidos e amigos.

QUEM TE AVISA TEU AMIGO É

Clube Bilderberg: os Senhores do Universo, de Daniel Estulin, edição Temas e Debates, Lisboa, 2005 (1.ª edição).

segunda-feira, 8 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (24)

Quando analisado de todos os ângulos não há dúvida de que o dito acordo ortográfico explica-se por duas razões, ambas perversas:  por um lado está a necessidade psicológica de dar uma decisiva machadada à identidade nacional, já que a língua é das poucas coisas que a abrilada 74 deixou de pé; por outro trata-se de uma grande negociata, com milhões “disponíveis” para a reconversão de textos.  Mas se estas duas razões interessam a anti-portugueses e vendepátrias convictos já existe para aí quem alinha com o mixordês por macaquice bacoca.  Ordenaram que se suprimisse “c”s e “p”s e tudo quanto fosse consoante dupla e parece que nem as palavras estrangeiras escapam à sanha mixordesa. Pois não é que tenho visto para aí em etiquetas de preços “selección” abastardada em “seleción”, “collection” aviltada para “coletion” e mimos do género? O que realmente surpreende não é a asneira... mas a sua total falta de limites.

Do escândalo nacional-ortográfico passa-se à politiquice da semana ou a dança das cadeiras dos malcriaditos. De todos os lados ouvem-se vozes que dizem tudo, menos o que realmente interessa. A não serve, B não presta, C é que é bom; Presidente que deve ser assim ou assado; eleições antecipadas; coligação de x e y ou de p e q; defesa da democracia; reforço do par(a)lamento, etc. Ainda estou para ouvir alguém com a coragem suficiente para dizer a verdade, que o país sofre de um gravíssimo e avançado cancro que deve ser extirpado ou será impiedosamente consumido por ele. E esta moléstia mortal é o regime parido em 1974.  Ou se acaba com ele ou ele acaba com o que resta de Portugal. 

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar

sábado, 6 de julho de 2013

DO SINISTRO MUNDIALISMO

A mão invisível que escreve este guião globalista só pode ser a de um génio. Os povos adormecem, as nações desaparecem, os figurantes obedecem. Nunca a república universal esteve tão perto de se concretizar. E ai de quem discordar da discreta ditadura do pensamento único politicamente correcto.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

CARTEIRA DE SENHORA

DIA 74
Não. A carteira não vai perorar sobre crises políticas e surrealidades patéticas dos políticos portugueses. Sobre a podridão e as amarras em Portugal deixou-me discorrer na crónica anterior porque lhe ocupei o espaço sem dó nem piedade. 
Além disso, vão ter de me perdoar. Tal como nalguns dias de frio o cérebro congela, o calor do dia de hoje, cozinhado em prédio envidraçado sem ar condicionado, tratou de derretê-lo, com consequências da mesmíssima gravidade.
Quando vivemos num país assim, já sem descrição possível, num mundo que não é melhor, sobrevivemos graças a doses diárias de amor e de humor. Se não de ambos, pelo menos de um. Uma das doses, às vezes a única, toma-se logo nos percursos diários.
Quem se mete num carro para ir a todo o lado (sim ainda há muitos, dos que até o podiam dispensar e ainda se queixam da crise) receberá talvez parte da dose diária de humor pela telefonia ou pelo espelho retrovisor que controla as gracinhas dos filhos no banco de trás.
Quem anda a pé, ainda tem esporadicamente direito a cenas caricatas do dia-a-dia que abrem sorrisos logo de manhãzinha.
No metropolitano em Lisboa não sei o que se passa. Evito. Eu e a maior parte dos velhotes. É que são muitas escadas, aquilo está num buraco lá em baixo e nem sequer há direito a vistas. Deve ser por isso que não tem graça nenhuma. O ambiente não propicia. Ou então tenho tido azar quando utilizo. Só gente sisuda e muda, nada de interacções. 
O autocarro é outra coisa. Cada percurso tem os seus aliciantes, em cada um se representa uma peça, com personagens próprias. É que aí, a propósito do nada e do tudo, as conversas saborosas vão seguindo o ritmo das paragens. Em lugar de destaque estão as doenças, graças à idade média dos frequentadores. Empatados seguem-se o tempo e a política. Crianças e estudos contentam-se com as posições seguintes. Todas nos fazem sorrir e algumas obrigam-nos a embrulhar com esforço as gargalhadas para mais tarde.
Outra dose diária de humor vem da mera observação. Por exemplo, a estranha obsessão pelos lugares da ponta deixando vagos os da janela, como quem delineia uma estratégia para ter uma fila só para si. Já estive em autocarros em que todas as filas tinham apenas as coxias ocupadas. Quando entram pessoas, num ápice todos esses ocupantes de coxia pretendentes a ocupantes de fila, olham disfarçadamente para a janela tentando que não sejam eles a quem vamos pedir passagem para a cadeira ao lado. É apenas um dos actos da peça.
Já quanto ao país, sem sermos tidos nem achados, participamos numa tragicomédia apenas como figurantes, sabendo de antemão que os papéis principais estão nas mãos erradas por erradas razões.
Mesmo assim, as razões para sorrir estão à nossa volta. Basta estar disponível.
Leonor Martins de Carvalho

quinta-feira, 4 de julho de 2013

QUANDO É QUE PORTUGAL DESPERTA?

As curibecas internacionais — invisíveis e discretas — continuam a cozinhar lá fora o que se faz cá dentro, mas o ingénuo povo português continua a acreditar ser dono do seu destino.

BLOGOSFERA NACIONAL

Volto agora a fazer uma pergunta que aqui formulei em tempos:
Dez anos volvidos sobre o aparecimento na blogosfera portuguesa de uma corrente nacional, no Verão de 2003, o que resta hoje dela?
E arrisco uma resposta:
Apesar de tudo, sem o mesmo vigor, a corrente continua; e, sobretudo, ficou um corpo doutrinário sólido. Saibam os políticos patriotas, não comprometidos com o sistema, interpretá-lo e pô-lo em prática.    

DA HIGIENE URBANA EM LISBOA

A antiga capital do primeiro e último moderno Império do Mundo tornou-se agora uma das mais sujas cidades europeias. Vai-lhe valendo o vento purificador que sopra nela cada vez com mais força de ano para ano. Deus não dorme.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

É A HORA?

As curibecas internacionais — invisíveis e discretas — continuam a cozinhar lá fora o que se faz cá dentro. Mas, talvez desta feita, ao fim de 39 anos de palhaçada, o tiro lhes saia pela culatra.

terça-feira, 2 de julho de 2013

DO VENTO

Coisa fascinante do vento é ser invisível. E também aparecer quando mais precisamos dele. Por exemplo quando estamos derretendo de calor.

segunda-feira, 1 de julho de 2013

CADERNOS INTERATLÂNTICOS (23)

Dia 27 cumpriram-se os quarenta anos do Golpe de Estado que Juan María Bordaberry, com respaldo das então Forças Armadas – sim, porque há muito que não passam de “Debilidades Desarmadas” –, levou a cabo no Uruguai, antiga terra portuguesa. O ilustre cavaleiro católico foi perseguido, preso e em tal condição expirou; a canalha marxista é quem hoje manda e desmanda; o país foi vendido a retalho, e os uruguaios transformados em inquilinos na própria casa – qualquer semelhança com o Portugalinho versão d´abril não é mera coincidência.
Não resisto a reproduzir umas linhas que escrevi por ocasião da morte de Bordaberry, em 2011:

Entre bombas e tiros não tardou em comprovar a incompatibilidade entre o exercício da liberdade "liberal" e a manutenção da ordem e da paz no interior da sociedade. É que para impor a ordem e assegurar a paz era necessário restaurar a autoridade... Apoiado nas Forças Armadas Bordaberry atacou em cheio os três mitos do sistema: a soberania do povo, o sufrágio universal e a partidocracia. Fechou o Parlamento e enviou os profissionais do palratório descansar à casa, suspendeu os partidos políticos, introduziu princípios orgânicos e corporativos, garantiu - à moda de García Moreno - a liberdade para o bem e para os praticantes do bem, e combateu o resto. Restaurou a autoridade, e com ela a ordem e a paz, condições indispensáveis para uma sociedade empreender o caminho do autêntico bem comum. Purgando-se do liberalismo da juventude Juan María Bordaberry percorreu um caminho longo mas firme que o levou à Tradição Católica e Monárquica - esta na sua vertente Carlista. Suas três Verdades foram: Deus - Pátria - Rei. "Deus, porque não podem existir instituições que não se fundamentem no direito natural, o que supõe rechaçar as soberbas construções do homem que a contradigam; Pátria, porque a sociedade dos homens tem que professar um amor profundo e permanente ao lar, de onde extrai a força para resistir aos embates do mal; e Rei, porque quem é que pode imaginar uma autoridade que não tenha de prestar contas a Deus?"

Não tenho dúvidas: Bordaberry, à imagem de García Moreno, morreu como mártir cristão.

Até para a semana.

Marcos Pinho de Escobar