sábado, 31 de março de 2007

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (11)

Para que não restem dúvidas, leia-se: «secretos prazeres que me são propiciados pela simples existência do meu blogue pessoal».

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (10)

Ajudar-me a vencer o preconceito de que não se fazem ou redescobrem Amigos depois de certa e determinada idade.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (9)

Poder agarrar-me a ele enquanto o (meu) mundo desaba à minha volta.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (8)

Poder fazer adendas a postais anteriores.
Então, vamos a isto — para completar este, tomar nota da seguinte referência bibliográfica:
Ensaio de Psicologia Portuguesa, Francisco da Cunha Leão, edição Guimarães Editores, colecção Filosofia & Ensaios, Lisboa, 1971 (1.ª edição).

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (7)

Ser lido dos 7 aos 77.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (6)

Escrever por prazer e não por obrigação.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (5)

Receber mails deliciosos.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (4)

Confessarem-me que lêem o meu blogue às escondidas...!

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (3)

Começar a escrever um postal a pensar numa pessoa e acabá-lo a pensar noutra.

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (2)

Escrever indicações bibliográficas (neste caso, já foram dadas hoje, durante a tarde, ao telefone; mas, são vertidas aqui em letra de forma, para que a pessoa interessada possa agora tomar nota, se, entretanto, se tiver esquecido).
Então, aqui vai:
O Enigma Português, Francisco da Cunha Leão, edição Guimarães Editores, colecção Filosofia & Ensaios, Lisboa, 1960 (1.ª edição).
{A colecção indicada foi fundada pelo referido Autor.}

SECRETOS PRAZERES DO BLOGUE (1)

Mudar de assunto sempre que me apetece.

SECRETOS PRAZERES DE UM PORTUGUÊS

Um português pode perceber um filme de David Lynch mas um americano nunca conseguirá compreender um filme de Manoel de Oliveira.

VELUDO AZUL

Cena de Blue Velvet (1986), de David Lynch, em que vemos Isabella Rossellini interpretar a canção-título-leitmotiv do Filme, acompanhada ao piano por Angelo Badalamenti (o próprio!), sob o olhar atento e fascinado de Laura Dern e Kyle MacLachlan. De cortar a respiração, portanto.

sexta-feira, 30 de março de 2007

CAMINHADA EM ABERTO OU ESTRADA SEM FIM À VISTA

Laura Harring e Naomi Watts em Mulholland Drive (2001) de David Lynch.
Este postal ilustrado aqui publicado com uma morena e uma loira deve ser visto e revisto com ajuda de um manual de instruções para abertura de caixas azuis que podem tornar-se de pandora sem mais nem menos nem demora e à mesma velocidade da troca de identidades ou de cores de cabelos na roda que roda da vida aparentemente tranquila mas que subitamente dispara e já não pára enquanto dura a música planante que vem de outro planeta à velocidade da luz que ilumina esta bela cena e projecta sombras lá para onde se escondem terríveis seres lunares ou só a continuação do nosso inacessível lado obscuro habitado por um inconfessável objecto de desejo e antes que se gaste a tinta ou que rebentem as teclas sob o meu violento martelar cadenciado vou parar se conseguir pois o balanço é muito e a memória que foi quase toda gasta na recordação desta história já não dá sinal do local dos travões para abrandar esta nave lançada em alta aceleração rasgando as trevas nocturnas com clarões sensuais próprios das melhores tempestades da cidade dos sonhos e por isso isto quedar-se-á apenas por falta de gás não sem antes dizer que esta conversa toda vai direitinha para quem a conseguir apanhar mas aviso já previamente que é recomendada principalmente a jogadores e reconstrutores de puzzles e conhecedores e manipuladores do subconsciente e assim sendo dirige-se muito especialmente de mim para o Duarte Nunes de Almeida.

quinta-feira, 29 de março de 2007

NÃO FAÇAM CONFUSÃO

A felicidade que procuro alcançar é a dos Deveres do Homem e não a d'Os Direitos do Homem.

CHEIRA-ME...

Deixando-me guiar pelo olfacto, descubro um blogue com o qual sinto efectivamente afinidades.

ESCULPIR O TEMPO

A arte nasce e afirma-se onde quer que exista uma ânsia eterna e insaciável pelo espiritual, pelo ideal: ânsia que leva as pessoas à arte. A arte contemporânea tomou um caminho errado ao renunciar à busca do significado da existência em favor de uma afirmação do valor autónomo do indivíduo. (...) O artista é sempre um servidor, e está eternamente a tentar pagar pelo dom que, como que por milagre, lhe foi concedido. O homem moderno, porém, não quer fazer nenhum sacrifício, muito embora a verdadeira afirmação do eu só possa expressar-se no sacrifício. Aos poucos, vamo-nos esquecendo disso, e, inevitavelmente, perdemos ao mesmo tempo todo o sentido da nossa vocação humana...

ANDREI TARKOVSKY
(1932 — 1986)

quarta-feira, 28 de março de 2007

COMPANHIA IDEAL PARA O CHÁ (DIGO EU)

Audrey Hepburn no Filme Breakfast at Tiffany's (1961), de Blake Edwards, a partir do Livro de Truman Capote e com Música de Henry Mancini.

CHAZADA

Uma questão de espírito.

COPULATIVO?

Chá e bolos.

DISJUNTIVO?

Chá e cama.

terça-feira, 27 de março de 2007

DO ELITISMO ENQUANTO MANEIRA DE SER

Chamam-me «elitista»: uns, com um brilhozinho nos olhos, dizem-no, como quem anuncia uma virtude; outros, com o sobrolho carregado, atiram-no — a medo —, como quem aponta um defeito. Sosseguem, uns e outros: trata-se apenas de uma característica.

FADO (II)

Foi um bon vivant. Sofre de mal de vivre.

LILI MARLEN (2)

«Lili Marlen»,
Ute Lemper.

LILI MARLEN (1)

«Lied eines jungen Wachtpostens (Lili Marlen)»,
Lale Anderson.

SOBRE ARTE E ANTIGUIDADE

Acontece com os livros o mesmo que sucede ao estabelecermos novas relações interpessoais. Num primeiro tempo, sentimos um enorme prazer, se nos achamos concordantes com o outro, em coisas de ordem geral, ou, se nos sentimos tocados num dos pontos sensíveis da nossa existência. Quando a relação interpessoal se torna mais íntima, só então aparecem as diferenças, e, então, para um comportamento racional, o que mais importa não é, como por vezes acontece na juventude, retroceder atemorizado, mas, pelo contrário, afirmar a zona em que se dá concordância, e tratar de clarificar de forma completa o âmbito da diferença, sem pretender por isso ser da mesma opinião.
GOETHE
(1749 — 1832)

DO ETERNO FEMININO — V

Tudo o que morre e passa
É símbolo somente;
O que se não atinge,
Aqui temos presente;
O mesmo indescritível
Se realiza aqui;
O feminino eterno
Atrai-nos para si.

In Fausto, de Goethe.

segunda-feira, 26 de março de 2007

MÚSICA PARA HOJE (3)

Os grandes homens de génio são os criadores do ambiente. O homem de génio deve ao mesmo tempo sonhar mais e estar mais desperto do que o homem normal.
FERNANDO PESSOA
(1888 — 1935)

MÚSICA PARA HOJE (2)

Sei que Deus existe, porque já ouvi todas as sinfonias de Beethoven.
ANTÓNIO FERRO
(1895 — 1956)

MÚSICA PARA HOJE (1)

Dia para ouvir Ludwig van Beethoven.

NOTAS SOBRE O CINEMATÓGRAFO (2)

Proust diz que Dostoievsky é original sobretudo na composição. É um conjunto, extraordinariamente complexo e cerrado, puramente interno, com correntes e contracorrentes como o mar, que encontramos também em Proust (aliás tão diferente), e cujo equivalente ficaria bem num filme.
ROBERT BRESSON
(1907 — 1999)

NOTAS SOBRE O CINEMATÓGRAFO (1)

Já que não tens que imitar, como os pintores, escultores, romancistas, a aparência das pessoas e dos objectos (as máquinas fazem-no por ti), a tua criação ou invenção fica-se pelos laços que apertas entre os diversos fragmentos de real capturados. Há também a escolha dos fragmentos. O teu faro decide.
ROBERT BRESSON
(1907 — 1999)

domingo, 25 de março de 2007

POSTALINHO PEQUENINO MAS COM MUITA INFORMAÇÃO

Acabei de publicar mais um postal «revival», da minha autoria, na minha outra casa (sobre a qual já aqui tinha falado em tempos).
Aproveito para dizer que, não tendo eu, neste meu blogue pessoal, caixas-de-comentários (a declaração do princípio está acoli), não comento noutros lugares, pois não me pareceria 'justo'. Abro, naturalmente, uma excepção, para o fazer nesse tal único blogue colectivo onde colaboro.

sábado, 24 de março de 2007

A CHEGADA DA MUSA INSPIRADORA

La Belle Noiseuse (1991),
de
Jacques Rivette,
com Michel Piccoli e Emmanuelle Béart.

UMA ACHEGA PARA A COLECÇÃO ANTERIOR

La Liseuse de Romans, 1853
ANTOINE WIERTZ (1806 — 1865)
Óleo sobre Tela, 125 x 157 cm

MAIS UM ACHADO

Hoje, nas minhas diárias deambulações matinais internáuticas, fui dar a uma página que faz uma recolha de representações pictóricas da leitura — tema este muito do meu agrado. Vão espreitar, e digam lá que não é uma delícia.

PINTURA METAFÍSICA II

Melancholy and Mystery of a Street, 1913
GIORGIO DE CHIRICO (1888 — 1978)
Óleo sobre Tela, 87 x 71 cm
Colecção Particular.

PINTURA METAFÍSICA I

Le Chant d'Amour, 1914
GIORGIO DE CHIRICO (1888 — 1978)
Óleo sobre Tela, 73 x 59,1 cm
Museum Of Modern Art, Nova Iorque.

sexta-feira, 23 de março de 2007

MINIMALISTA

Só.

COMO NUM FILME DE OZU

A vida avança ao ritmo cíclico das estações e das marés.

SENÃO NÃO VALE A PENA

Um blogue só tem razão de ser se tiver uma boa biblioteca de apoio e se servir de ponte para outras bibliotecas.

VAI BUSCAR!

Deus foi generoso para Portugal em clima, luz, paisagem, poetas e mulheres. Em contrapartida, deu-nos o povo mais troglodita da Europa.

EM BOM PORTUGUÊS

Uma cidade onde os cães cagam na rua é uma merda de uma cidade.

NUMA LISBOA ASSASSINADA

I

Porquê o sono
que nunca durmo
De que me escondo
Com quem me cruzo
Sob que escombros
de que futuro
me reencontro
ou me sepulto
Que mar ao longe
Que ruas sulco
Por onde rondo
Que céu Que burgo
este que em sonhos
em vão procuro

DAVID MOURÃO-FERREIRA
(1927 — 1996)

PARA LAVAR OS OLHOS

Pela noite dentro como eu gosto descubro um sereníssimo post áudio-visual que evoca com antigos postais ilustrados esse elevado lugar mágico onde várias vezes contemplei Lisboa banhada pelos primeiros raios do Sol nascente que despontavam por de trás das fronteiras colinas da Graça e do Castelo e que matizavam as águas do Tejo de variadas cambiantes de azul da côr do céu.

DO CINEMA E DA FILOSOFIA (CONCLUSÃO)

O próprio cinema é uma nova prática das imagens e dos signos, dos quais a filosofia deverá fazer a teoria, como prática conceptual. Porque nenhuma outra determinação técnica, ou aplicada (psicanálise, linguística), ou reflexiva chega para constituir os conceitos do cinema.
Gilles Deleuze, Cinéma 2: L'image-temps, Minuit, Paris, 1985.

DO CINEMA E DA FILOSOFIA (INTRODUÇÃO)

Os grandes autores de cinema são como os grandes pintores ou os grandes músicos: são eles que melhor falam do que fazem. Mas, ao fazê-lo, tornam-se filósofos ou teóricos (...) Os conceitos do cinema não estão dados, como tal, no cinema. E, apesar disso, são os conceitos do cinema, e não os conceitos das teorias sobre cinema. Aproxima-se, assim, a hora em que deixaremos de perguntar «o que é o cinema?», para passarmos a perguntar «o que é a filosofia?».
Gilles Deleuze, Cinéma 2: L'image-temps, Minuit, Paris, 1985.

quinta-feira, 22 de março de 2007

SEM MEDO DO ESCURO

Eu tenho um guarda,
Que é um Anjo,
Que me proteje de noite e de dia.
Eu não o vejo,
Eu não o oiço,
Mas sinto sempre a sua companhia.

Ele, não, não usa a espada,
Ele, não, não usa a força,
Usa uma Luz com que ilumina a minha vida.
Usa uma Luz com que ilumina a minha vida.

António Variações, «Anjinho da Guarda», Anjo da Guarda, 1983.

ETERNAS SAUDADES — I

Todos nós temos Amália na voz
E temos na sua voz
A voz de todos nós.

Dei o teu nome à minha terra,
Dei o teu nome à minha arte,
Dei a tua vida à primavera,
Dei a tua voz à eternidade.

António Variações, «Voz-Amália-de-Nós», Anjo da Guarda, 1983.

AINDA MAIS DESCOBRIMENTOS

Um espaço consagrado ao Cinema Português, da autoria de José de Matos-Cruz. É de ler, pois fala quem sabe.

MAIS DESCOBRIMENTOS

Continuando eu para aqui a navegar nestes largos mares — qual internauta do século XXI, às voltas com as minhas descobertas pessoais —, avisto uma paragem dedicada às viagens na nossa Terra, de grande rigôr e bom-gosto, que, além de tudo o mais, ainda tem uma página de Cinema Português. Já ganhei o dia.

À AÇOREANA AQUÁTICA

Le Monde du Silence (França, 1956),
de Jacque-Yves Cousteau e Louis Malle.

MANIPULADOR

I am cool and smooth and curious
I never blink
I am turning in your hand
Turning in your hand

small blue thing

«Small Blue Thing», Suzanne Vega (1985), Suzanne Vega.

JOGADOR

we talk and talk, we tell the truth
there are no shadows here
but when I look into your eyes
I wonder what might have been here

because if I had met you on some journey
where would we be now?

«Some Journey», Suzanne Vega (1985), Suzanne Vega.

quarta-feira, 21 de março de 2007

SOU ASSIM PORQUE... (IX)

Leio Agustina como quem bebe vinho tinto do Douro.

SOU ASSIM PORQUE... (VIII)

Li os sete romances de Luigi Pirandello.

SOU ASSIM PORQUE... (VII)

Aos dezanove anos deitei mãos à Obra de Yukio Mishima.

DA ARQUITECTURA

Um dos mais radicais (na verdadeira acepção do termo e não naquela usada agora por meninos rabinos) membros do Futurismo Português, José Pacheko (assim mesmo, com k e tudo, muito antes desta letra ser usada à toa por analfabetos; ou, salvo raríssimas excepções, por criadores vanguardistas — um abraço para ti, Edgar), tinha inscrito nos seus cartões-de-visita o seguinte: «José Pacheko — Arquitecto pela Graça de Deus». Serve esta introdução de mote para dizer que, pelas viagens que tenho feito na minha Terra, começando e acabando na minha querida Lisboa, me está cá a parecer que Deus, entretanto, abandonou os arquitectos portugueses.

É HOJE (4)

Johann Sebastian Bach nasce em 1685.

É HOJE (3)

São Bento — Patrono da Europa — morreu, neste dia, em 543.

É HOJE (2)

Equinócio da Primavera às 0 horas e 7 minutos.

É HOJE (1)

Este blogue completa dois meses de existência.

terça-feira, 20 de março de 2007

SOL NASCENTE

Finalmente, chegámos ao porto de abrigo propiciado pelas imagens em movimento — e sons — do cinematógrafo. A propósito do Japão, sugiro agora o visionamento de A Ilha dos Amores (1982), complementado por A Ilha de Moraes (1984). Cada uma destas obras de Paulo Rocha provém de um diferente caudal da História do Cinema: a ficção e o documentário, respectivamente; formando, assim, um díptico com registos distintos (coisas boas possíveis nesta Arte). O ponto de encontro dos referidos filmes dá-se na sua unidade temática, que os faz convergir; e, pede uma sessão especial, com a exibição de ambas as fitas, para mergulharmos totalmente no mundo especialíssimo de Wenceslau de Moraes.

OLHAR NO ORIENTE

Ainda com a vela latina desfraldada, prosseguimos em direcção ao Oriente, sempre com Wenceslau de Moraes como guia espiritual, rumo ao Japão.

DESCOBRIMENTOS (IV)

Andava eu a navegar à bolina — em direcção ao Oriente, rumo ao Japão —, em demanda de vestígios do nosso Wenceslau de Moraes —, nesses vastos oceanos blogosféricos —, quando topei com este delicioso paraíso, qual ilha dos amores, para bibliófilos: digam lá se não é de perder a cabeça.

O ASSÉDIO DO TÉDIO

«I Just Don't Know What To Do With Myself»,
The White Stripes.

Video-clip realizado por Sofia Coppola, com Kate Moss.

segunda-feira, 19 de março de 2007

PORTUGAL E OS OUTROS

A realizadora francesa Agnès Jaoui — conhecida sobretudo pela sua deliciosa comédia Le Goût des Autres (2000), mas cuja obra merece ser aprofundada — canta hoje à noite — em português — em Portugal.

DO ETERNO FEMININO — IV

A páginas 62 e 63 da edição portuguesa do seu mais recente romance, Pérez-Reverte descreve-nos — cá para mim — a mais bela personagem feminina da literatura contemporânea de ficção. Páginas antes, tinha-nos cativado com a fina caracterização da especialíssima beleza física dessa figura; agora, pinta-nos uma personalidade de uma complexidade desconcertante, que se inscreve na genealogia espiritual dessas grandes heroínas românticas, e que entra no século XXI transportando esse património cultural, mas respirando o ar dos tempos, como deve ser. Não é para todos; mas, para quem apreciar, é arrebatadoramente fascinante.

LITERATURA DE APOIO

Leio O Pintor de Batalhas, de Arturo Pérez-Reverte, com uma tabela de gama de cores, para tintas, ao lado.

DA ONTOLOGIA DA PINTURA

Apreciamos o desenho ou as cores?

DA ONTOLOGIA DO TEATRO

Vamos pelo cenário ou pela encenação?

DA IRONIA (II)

Riram-se, outra vez, com as minhas piadas; e, ainda não foi desta que lhes pedi para me as explicarem.

DA IRONIA (I)

O meu sentido de humor tornou-se tão pessoal que já nem eu o percebo.

PURA MAGIA

«Tonight, Tonight», The Smashing Pumpkins.

Video-clip inspirado no filme Le Voyage dans la Lune (1902) de Georges Méliès.

DA ONTOLOGIA DO CINEMA

Mostrar a realidade ou contar histórias?

DA ONTOLOGIA DA FOTOGRAFIA

Tirar fotografias ou fazer fotografias?

O 57 FAZ 50 ANOS

FILOSOFIA PORTUGUESA. (...) Em 1957, a filosofia portuguesa como núcleo de teses e como movimento de ideias estava formulada para o exercício da bondade, da beleza e da verdade. Influenciados por Álvaro ou por Marinho, já no grupo da Cidade Nova (1950-1958) aparecem escritores motivados ou doutrinados para a compreensão do ideário monarquista e personalista pelo prisma da filosofia portuguesa. (...) O centenário do nascimento de Sampaio Bruno (1957) ficaria assinalado pelo aparecimento do jornal 57 que dimensionava a problemática da filosofia portuguesa em termos de movimento de intervenção social e cultural. O 57 reivindica uma genealogia espiritual (Aristóteles, a Bíblia, Dante, Conimbricences, Hegel, Bruno, Leonardo Coimbra...) e congrega jovens pensadores todos eles, cada um a seu modo, destinados a uma presença consistente. Mencionando apenas os discípulos da primeira geração, entre eles dispomos dos exemplos patentes nas obras de Francisco da Cunha Leão (antropologia cultural), António Quadros (crítica filosófica e estética e historiologia), Orlando Vitorino (filosofia do direito, da política e da liberdade), Afonso Botelho (estética e simbólica), António Braz Teixeira (filosofia do direito e história da filosofia), Francisco Sottomayor (filosofia das ciências e das matemáticas), João Ferreira (história da filosofia portuguesa), Fernando Sylvan (antropologia política e teoria da portugalidade), António Telmo (filologia e simbologia) e Luís Zuzarte. O 57 tem um vector polemizante: quer suscitar o debate das ideias, e este debate provocará algum radicalismo, mas sem ele o movimento teria ficado fechado em si mesmo. (...) O escopo do 57 não era o radicalismo: este era um meio para induzir as consciências à reflexão do que mais importava, o que ficou patente no colóquio sobre o tema «O que é o Ideal Português?» (1962) cujo patrono foi Álvaro Ribeiro, e que de algum modo encerra a actividade do 57 como movimento colectivo. (...)
Pinharanda Gomes, Dicionário de Filosofia Portuguesa, Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1987.

domingo, 18 de março de 2007

SOU ASSIM PORQUE... (VI)

Aos vinte e um anos ouvi Madredeus.

SOU ASSIM PORQUE... (V)

Aos quize anos ouvi Heróis do Mar.

SOU ASSIM PORQUE... (IV)

Em pequenino ouvi Amália.

VIAGEM INTERIOR PELA NOITE DENTRO

A exaustão física e mental dá-nos uma lucidez cristalina. Aproveitemos esta para captar e ler os sinais que chegam até nós nesses momentos mágicos.

sábado, 17 de março de 2007

AQUI VOU EU PARA O GUINCHO...

«Rockaway Beach», Ramones.

Tema gravado ao vivo no famoso concerto de Passagem d'Ano (31-12-1977), no Rainbow Theatre, em Londres. O registo deste espectáculo deu origem ao álbum duplo It's Alive. Embora o vídeo não esteja nas melhores condições, opta-se por publicá-lo, aqui, devido ao carácter histórico do referido concerto, onde os Ramones tiveram uma das melhores prestações da sua longa carreira. Os músicos são: Johnny Ramone — guitarrista; Joey Ramone — vocalista; Dee Dee Ramone — baixista; Tommy Ramone — baterista.

SAGRAÇÃO DA PRIMAVERA

De entre uma extraordinária quantidade de belas e deliciosas sugestões artísticas para a celebração do Equinócio que se aproxima — recolhidas no programa Câmara Clara de ontem, dedicado à Primavera e mencionado no postal anterior —, cá por coisas muito minhas, aqui que ninguém nos ouve, vou começar por ver este Filme, de um dos mais malditos cineastas franceses vivos. Vão lá também espreitá-lo, mas não digam que vêm daqui.

CLARIDADE E CLAREZA

No meio da enxurrada televisiva que diariamente nos entra pela casa dentro sem ser a pedido e onde pouco ou nada se salva, nas noites de sexta-feira surge — como uma aparição, na sua encantadora forma de conversar com os convidados — a bonita, inteligente, educadíssima e culta Paula Moura Pinheiro. Aproveitemos bem, que não é todos os dias.

sexta-feira, 16 de março de 2007

DAS CAIXAS-DE-COMENTÁRIOS NA BLOGOSFERA

Não tenho, nem tenciono vir a ter, caixas-de-comentários no meu blogue pessoal. Pois, em primeiro lugar — por uma questão de princípio —, sentir-me-ia obrigado a responder a todos os comentários, e a cada um, individualmente (pelo menos, aos que viessem por bem); e, bem vistas as coisas, ou bem feitas as contas, «não tenho tempo» (expressão esta que me irrita solenemente, mas é bem verdadeira neste caso) para isso. Por fim — há que dizê-lo também —, após rápida pesquisa feita na blogosfera, constatei que as referidas caixinhas servem de repositório a muito lixo mental que polui a nossa comunidade, e quero poupar essas visões aos meus amigos.

PROSA QUE SE DEVORA

(...)
— Um dia destes — prosseguiu Markovic com o mesmo tom de voz — lembrei-me de uma coisa quando via televisão num hotel. Antigamente os homens olhavam para a mesma paisagem durante toda a sua vida, ou durante muito tempo. Até o viajante o fazia, pois qualquer caminho era longo. Isso obrigava a pensar sobre o próprio caminho. Agora, pelo contrário, tudo é rápido. Auto-estradas, comboios... Até a televisão nos mostra várias paisagens em poucos segundos. Não há tempo para reflectir sobre nada.
— Há quem chame a isso incerteza do território.
— Não sei como o designam. Mas sei o que é.

(...)

Arturo Pérez-Reverte, O Pintor de Batalhas, (Traduzido do espanhol por Helena Pitta), Edições ASA, Porto, Março de 2007.

AVISO AOS QUE SÓ AGORA AQUI CHEGARAM

Este blogue pessoal é um caderno de apontamentos electrónico, que veio substituir, com dupla vantagem, os meus velhos livrinhos de capa preta e folhas brancas: por um lado, ocupa menos espaço; por outro, os meus amigos podem lê-lo. Assim sendo, além de registar as notas que vou tirando, por aqui e por ali, transformando-as em memórias sedimentadas, serve ainda como lugar experimental — onde se atira barro à parede, a ver se pega, para testar novos caminhos. Temos, portanto, também, o blogue como ponta-de-lança — apontando para temas e ideias a desenvolver noutros suportes e formatos.

ROMANTISMO ELÉCTRICO

«Drunken Butterfly», Sonic Youth.

ENCONTROS ETERNOS

Richard Wagner e Friedrich Nietzsche.

quinta-feira, 15 de março de 2007

DO ETERNO FEMININO — III

Escrevi, apaguei, reescrevi, recortei, tentei o formato codificado, revi à lupa, não publiquei, desisti, tentei as notas explicativas, tive uma última arrancada de inspiração, fiz uma pausa, demorei-me, voltei à carga, fiquei sem palavras, decidi deixar em branco, pensei que fosse melhor assim, mas, afinal vou carregar no botão!
Ah... — Isto tudo vem a propósito de eu estar à espera dos seguintes três textos (não há dois sem três): a 3.ª parte (três, outra vez) de «O Fio de Ariadne», que vai direitinha para o pé das outras duas em armário-livreiro fechado ao público; um comentário a um post à escolha, sem revisão nem nada, para publicação em postal cá na casa blogosférica; e, ainda, uma recensão crítica, para consumo pessoalíssimo, dos meus artigos sobre Cinema na revista Alameda Digital (um está à vista, os outros estão no arquivo — é só procurar).
O postal saiu assim, tripartido e atabalhoadito de todo, devido a insondáveis magnetismos do eterno feminino.

A MAGIA DO SOM E DA IMAGEM

Mulheres que esperam. Homens que deambulam. Rapariguinhas que observam e interrogam. Poetas românticos que cantam. Musas inspiradoras que voam no trapézio. Anjos que lêem pensamentos. Quem tem um Cinema assim, tem tudo.
E eu sou assim porque vi(vi) os Filmes de Wim Wenders.

OS TÚMULOS

Até ao fim do mundo. A grande amada
Escuta o adeus da grande voz sentida.
Santa e rainha, aguarda aquela vida
Que só depois do fim é começada.

Pedra de sonho e dor, foste lavrada
Pela Saudade imensa aqui vivida;
Guarda a Saudade, pois, da despedida,
E a esperança da hora desejada.

Guarda a Saudade que jamais acaba,
Que o dia há-de vir, de amor contente,
Os que dormem aqui vão esperando.

E no fragor do mundo que desaba,
Hão-de acordar, sorrindo eternamente,
Os olhos um no outro enfim pousando!

AFONSO LOPES VIEIRA
(1878 — 1946)
[Nota: Este poema faz parte de um conjunto de três sonetos
dedicados a D. Inês de Castro e D. Pedro.]

FOLHAS CAÍDAS

Voz e aroma
A brisa vaga no prado,
Perfume nem voz não tem;
Quem canta é o ramo agitado,
O aroma é da flor que vem.

A mim, tornem-me essas flores
Que uma a uma eu vi murchar,
Restituam-me os verdores
Aos ramos que eu vi secar...

E em torrentes de harmonia
Minha alma se exalará,
Esta alma que muda e fria
Nem sabe se existe já.


ALMEIDA GARRETT
(1799 — 1854)

LÍRICA CAMONIANA

Alegres campos, verdes arvoredos,
Claras e frescas águas de cristal,
Que em vós os debuxais ao natural,
Discorrendo da altura dos rochedos;

Silvestres montes, ásperos penedos,
Compostos em concerto desigual:
Sabei que, sem licença de meu mal,
Já não podeis fazer meus olhos ledos.

E, pois me já não vedes como vistes,
Não me alegrem verduras deleitosas
Nem águas que correndo alegres vêm.

Semearei em vós lembranças tristes,
Regando-vos com lágrimas saudosas,
E nascerão saudades de meu bem.


LUÍS VAZ DE CAMÕES
(1524 — 1580)

quarta-feira, 14 de março de 2007

CHEGADA DA PRIMAVERA COM...

... a belíssima...
Monica Bellucci.

A...

Aquila non capit muscas.

À...

Ignoti nulla cupido.

AH...

Intelligenti pauca.

AND...

Qui scribit, bis legit.

ANDO...

Hic et nunc.

ANDO AQUI E...

Honni soit qui mal y pense.

ANDO AQUI PORQUE...

Verba volant, scripta manent.

PENSAMENTO DO DIA

(...) — Portanto: uma ode pindárica a um fatigado, em vez de a um triunfador! À comunidade do Pentecostes, como ela recebeu o espírito, concebo-a eu fatigada, sem qualquer excepção. A inspiração da fadiga diz, não tanto o que deverá realizar-se, como aquilo que não deverá ser feito. Fadiga: o anjo que toca o dedo daquele rei em seu sonho, enquanto os outros reis, sem sonhos, prosseguem no seu dormir. Fadiga saudável — por si só, ela é já o repouso. Um certo fatigado como um outro Orfeu, em redor dos quais se aglomeram os animais selvagens e, enfim, podem estar co-fatigados. A fadiga, conduz o solitário no seu isolamento. Philip Marlowe — ainda enquanto detective privado — na solução dos seus casos, tornava-se tanto mais capaz e sagaz, quantas mais noites passava em claro. Ulisses, fatigado, conquistou o amor de Nausíca. A fadiga rejuvenesce como nunca foste tão jovem. A fadiga tanto mais, quanto menos eu. Tudo na sua, na paz da fadiga, se torna espantoso (...)
Peter Handke, in Para uma Abordagem da Fadiga (título original: Versuch Über die Müdigkeit), tradução de Isabel de Almeida e Sousa, edição DIFEL, Lisboa, 1989.

BALADA REDENTORA

Tema «Death Is Not The End» (Letra e Música de Bob Dylan), do Álbum Murder Ballads de Nick Cave And The Bad Seeds.
Interpretado aqui por Kylie Minogue, Nick Cave e Shane McGowan, ao vivo e em directo, no programa Most Wanted da MTV, em 1995.

UMA SEQUÊNCIA MUITO CÁ DE CASA

«The Carny» e «From Her to Eternity»,
Nick Cave And The Bad Seeds.

Temas interpretados ao vivo pelos próprios numa sequência de
Der Himmel Über Berlin (R. F. A./França, 1987)
de Wim Wenders.

terça-feira, 13 de março de 2007

JEUNESSE

III
VINGT ANS
Les voix instructives exilées... L'ingénuité physique amèrement rassise... Adagio. Ah!, l'égoïsme infini de l'adolescence, l'optimisme studieux: que le monde était plein de fleurs cet été! Les airs et les formes mourant... Un choeur, pour calmer l'impuissance et l'absence! Un choeur de verres de mélodies nocturnes... En effet les nerfs von vite chasser.
JEAN-ARTHUR RIMBAUD
(1854 — 1891)

EM BUSCA DA INSPIRAÇÃO PERDIDA

Blow Up (1966),
Um Filme de Michelangelo Antonioni.
Desenhar com a luz carece de musa inspiradora que se deixe fixar naquele momento decisivo de tirar o retrato ou raptar a alma.

segunda-feira, 12 de março de 2007

SAUDADES DO FUTURO

Perguntam alfacinhas, estetas, olissipógrafos, poetas, musas, fotógrafos, amantes do Tejo e tudo: — Quando é que o Cais das Colunas é devolvido ao Terreiro do Paço, para, assim, voltarmos a ter a mais bela praça do mundo?

OS MEUS QUADRANTES — IV

Do Simbolismo de António Nobre ao Modernismo de Mário de Sá-Carneiro.

OS MEUS QUADRANTES — III

Do Romantismo de Almeida Garrett ao Saudosismo de Afonso Lopes Vieira.

UMA QUESTÃO DE APLICAÇÃO DA ESCALA CERTA

Tanto aprecio as belas cenas e paisagens, pintadas em amplas telas, que nos obrigam — sucessivamente — a recuarmos, para melhor contemplarmos, e a aproximarmo-nos, para descobrirmos os detalhes, e que nos fascinam pela monumentalidade, como, por outro lado, gosto das pinturas em formato de miniatura, que levam à cegueira os artistas que as criam, e que se destinam a fazer-nos transportar — na algibeira, junto ao peito ou à flor da pele — imagens íntimas, que nos cativam e aquecem a alma pelo espírito ou pela sensualidade.

SE FOSSE INGLÊS SENTIRIA SPLEEN — SENDO PORTUGUÊS SINTO SAUDADE

«Shadowplay», Joy Division.

COMEÇAR EM BELEZA

Pertence à ordem do simbólico o nome do pai do Cinema ser Luz.

domingo, 11 de março de 2007

LEITURA MENSAL

Acabou de sair o n.º 6 da revista mensal on-line Alameda Digital , com um dossier especial sobre o tema de fundo «Política Cultural» e o modesto contributo deste vosso escriba com o artigo «Futuro do Cinema Português».

TODO O PESSOA E TUDO!

A Mensagem, de Fernando Pessoa, explicada em «Mar Português», por José Valle de Figueiredo, e em «O Mito do Génio Incompreendido e a Sua Função Política», por Carlos Bobone. A não perder, mesmo!

DAS LIGAÇÕES NA BLOGOSFERA

Não tenho idade para explicações, mas venho aqui pôr alguns pontos nos is. Estas, são próprias da primeira idade, quando os meninos mal-comportados, que se deixam apanhar a fazer algum disparate, têm de prestar contas; não sendo este manifestamente o caso, adiante. Podem as ditas também surgir na última idade, quando esta, infelizmemte, é acompanhada de desorientação, e a pessoa se justifica por tudo e por nada. Estando eu no início dos quarentas, encontro-me numa zona intermédia, imune a essas contaminações infantis ou senis.
Assim sendo, e dito isto, venho aqui apresentar, de forma simples e resumida, a lógica das minhas ligações (os ferverosos anglófilos dizem links) a outros blogues e sítios (sites, para aqueloutros).
Antes de mais nada, convém saber que as ligações se dividem em duas categorias: as permanentes e as temporárias.
Comecemos pelo fim. No meu caso, no que a estas últimas diz respeito, a coisa é simplissíssima: nos postais que vou escrevendo, estabeleço ligação a o que refiro directamente, se essa pessoa, ou coisa, estiver on-line, e eu disso tiver conhecimento, e me apetecer; essa é que é essa. De seguida, muito naturalmente, a ligação vai morrendo, pois vai ficando para baixo, para finalmente ser arquivada no respectivo mês de publicação do postal. Tenho pena, mas é a lei da vida blogosférica.
Em relação às primeiras aqui referidas — as permanentes —, o critério, para já, no que me toca, processa-se da seguinte forma: introduzi na coluna da direita a ligação à primeira e única revista on-line onde escrevo; e, ainda, ao blogue colectivo onde colaboro como co-autor e me estreei nestas andanças da blogosfera. É o que há, é o que lá está.
Vem tudo isto a propósito de uns zunzuns que para aqui me chegaram, por interpostas pessoas, da parte de umas alminhas muito sensíveis, a queixarem-se de que eu não fazia links aos supraditos meninos e meninas. Agora, já podem dormir descansados; e — se for caso disso —, imprimir e emoldurar este diploma.

sábado, 10 de março de 2007

I CAN´T GET NO...

«Satisfaction» (Tema Original dos The Rolling Stones),
PJ Harvey & Björk.

sexta-feira, 9 de março de 2007

PENSAMENTO PASCAL — III

Reconciliar para redimir.

PENSAMENTO PASCAL — II

Reencontrar para regenerar.

PENSAMENTO PASCAL — I

Romper para renascer.

PARA A MULHER LATINA NÃO VAI NADA?... TUDO!

Sofia Loren em Portugal, 1953.
Uma Fotografia de Agnès Varda.
MARIA LISBOA
É varina, usa chinela,
tem movimentos de gata.
Na canastra, a caravela;
no coração, a fragata.
Em vez de corvos, no xaile
gaivotas vêm pousar.
Quando o vento a leva ao baile,
baila no baile co'o mar.
É de conchas o vestido;
tem algas na cabeleira;
e nas veias o latido
do motor de uma traineira.
Vende sonho e maresia,
tempestades apregoa.
Seu nome próprio, Maria.
Seu apelido, Lisboa.
DAVID MOURÃO-FERREIRA
(1927 — 1996)

FOME DE SABER

Mesmo com as melhores traduções da grande Literatura Alemã para Português e as respectivas introduções às obras dos grandes escritores alemães que este Senhor (esta blogosfera é um poço de surpresas) faz, mantenho a minha: quero aprender a Língua Alemã, para poder ler e ouvir e ver e apreender os criadores alemães na sua expressão original. Senão, como afirma o nosso Povo — numa fórmula proto-áudio-visual —, só posso continuar a dizer: «— Não tenho ouvisto nada.»

FÓRMULAS PERFEITAS

Thomas Ruff + Michel Houellebecq = Girls !

[Nota1: Ficha técnica do livro: Houellebecq, Michel. THOMAS RUFF: Nudes. 152 pp., 100 color illustrations. 4to, boards. New York, Harry N. Abrams, 2003.]
[Nota2: Neste volume, o artista Thomas Ruff apresenta uma série fotográfica feita a partir de imagens pornográficas que circulam na internet. O fotógrafo alemão apropriou-se delas e tratou-as digitalmente. É assim que nos oferece as fotografias.]
[Nota3: Hei-de cá voltar para falar dos textos de Michel Houellebecq no livro.]

JAMAIS O SOL

Belo é o sol quando sorri
em plena glória.
Bela é a lua e o seu sorriso
na noite serena.
Mais belo porém, o riso suave
do meu amor.

Bela é a lua vogando nas ondas.
Belas as estrelas no brilho da noite.
Mas nunca as estrelas, jamais a lua,
terão a beleza, um pouco sequer,
da cor e da luz que moram nos olhos
do meu amor.

Tradição Oral, Galês (Século XVII)

O Imenso Adeus (Poemas Celtas do Amor), tradução de José Domingos Morais, edição Assírio & Alvim, colecção Gato Maltês, Lisboa, 2004.

quinta-feira, 8 de março de 2007

SANGUE NA GUELRA

Klaus e Nastassja Kinski
(tal Pai, tal Filha).

UM DIA ESPECIAL

Hoje é Dia de São João de Deus (1495 — 1550) — o Santo alentejano da minha Paróquia lisboeta de sempre.
Quanto ao resto: cá para mim, todos os dias são «Dia(s) da(s) Mulher(es)».

AO REDOR DESTA FOGUEIRA...

Estreia hoje comercialmente o Filme Brava Dança, de José Francisco Pinheiro e Jorge Pereirinha Pires, sobre a inovadora banda de música popular moderna portuguesa Heróis do Mar. Não pude assistir à sua primeira exibição pública, ou ante-estreia, no DocLisboa 2006, pois tive que ficar a dar uma aula insubstituível, e que mais ninguém podia dar por mim, na ETIC. Desta vez, não vou perder a coisa nem por nada. Conheci o José Pinheiro, em 1988, nos bancos da velha escola do áudio-visual português (lá estava ontem, na festa dos 50 anos da RTP, o nosso Mestre Hélder Duarte: — viste-o, grande Zé?). Nos anos seguintes, vivemos, em conjunto, várias aventuras experimentais e outras tantas profissionais (onde também conheci o Jorge Pires), além das boémias, claro está. Depois, cada um foi à sua vida; mas, sempre que nos encontramos, é como se a conversa, imediatamente iniciada, tivesse sido interrompida apenas na véspera (já dediquei a este tipo de sensações dois ou três postais nesta casa; diria mesmo que é um tema recorrente, como se diz agora). Certas afinidades fazem-nos, ainda hoje, convergir: a última vez que nos encontrámos, por mero acaso, foi no concerto dos Pixies. Não vou aqui fazer desfilar a vasta obra do Zé, mas será suficiente dizer que certamente será o português que mais video-clips realizou até hoje. Por estas e outras, amanhã ou depois, lá estarei eu batido, numa sala perto de mim, para ver o Documentário Brava Dança.
[Nota: Outsider que sou da blogosfera, só tardiamente descubro que o Zé (disse-me ele, agorinha mesmo) e o Jorge têm um blog, que tem Brava Dança como título e leitmotiv.]

MAIS DO MESMO (3)

«Garota de Ipanema», António Carlos Jobim e Vinícius de Moraes.

Tema interpretado aqui pelos próprios, num concerto gravado em Milão com Toquinho e Miúcha.

BOM DIA (3)

Sequência em flash-back do Filme Un Homme et Une Femme (1966), de Claude Lelouche, ao som de «Samba Saravah», de Baden Powell, interpretado por Pierre Barrouh, que contracena aqui com Anouk Aimée.

DA MAIOR ENCICLOPÉDIA DO MUNDO

Hoje em dia, tendo um computador por perto, uma dúvida resolve-se com um clique. Por exemplo: quem quiser ter um primeiro contacto com três dos autores com que ando às voltas, basta ir à enciclopédia on-line Wikipedia. Devo frisar que estas leituras, úteis para rápidos enquadramentos, não dispensam os bons textos vertidos em letra de forma — em papel — sobre os escritores em causa; e, de nada servem, uns e outros, se não forem um mero aperitivo para a leitura das obras dos mesmos. Dito isto, aqui ficam as três ligações às páginas dedicadas aos referidos escritores na dita enciclopédia: Arturo Pérez-Reverte; Michel Houellebecq; Juan Manuel de Prada. Uma coisa é certa — em três penadas (mas não às três pancadas) ficam logo a par do calibre destes senhores, e chegam à rápida conclusão se isto é coisa para a vossa caximónia ou não.

quarta-feira, 7 de março de 2007

UM DIA EM QUE NÃO SE APRENDE NADA É UM DIA PERDIDO — I

Por hoje, na blogosfera, já fiz uma descoberta que me vai proporcionar leituras, audições, visionamentos e pensamentos por muitos e bons dias: Uma Grande Senhora — à distância de um clique. (Lá dentro, este post sobre Literatura — com Cinema e tudo — vai direitinho para a Sofia e para a Rita.)

PROVA DE VIDA

É hoje.
Presente.

terça-feira, 6 de março de 2007

DE HOMEM PARA HOMEM — IV



C'Était Un Rendez-Vous — um Filme underground, realizado em plano-sequência, nas ruas de Paris, em 1978 —, por Claude Lelouche.

Vai todo para o meu amigo Duarte Nunes de Almeida, com aquele abraço de sempre!

DO ETERNO FEMININO — II

... Aguardando pelo fio de Ariadne...
Tecido e fornecido
Por uma amante da sabedoria...
... E da poesia...
Essas duas irmãs inseparáveis.
Porque...
Ao princípio era o verbo.

DO ETERNO FEMININO — I

O que sempre me fascinou nas mulheres, mais do que a impossibilidade de as compreender, é a incapacidade de as programar.

ACELERAÇÃO

O anterior pendant «Bom Dia»/«Mais do Mesmo» foi feito na passada quarta-feira (há menos de uma semana, portanto); não fossem tranquilos os video-clips publicados em todos estes posts — românticas as músicas e cool os intérpretes —, seria caso para dizer que este blog estava finalmente a começar a rasgar!... Estejam, no entanto, sossegados os leitores, que já não tenho idade para grandes sprints... — só para altos vôos...!

MAIS DO MESMO (2)

«Avalon», Bryan Ferry (ao vivo, em Paris, em 2000).

BOM DIA (2)



«Slave to Love», Bryan Ferry.
Video-clip com excertos de cenas do filme 9 1/2 Weeks (1986) de Adrian Lyne.

Para a Cristina, «Leitora do Mês de Setembro» (dedicatória acrescentada no final de Setembro).

OS MEUS QUADRANTES — II

Do fogo vital de Camões à espiritualidade etérea de Pascoaes.

OS MEUS QUADRANTES — I

Do fascínio aquático de Pessoa ao apelo telúrico de Régio.

IMORTALIDADE

Já, no lugar dos olhos, que eram belos,
Tenho um buraco atónito e apagado;
Já rosas de gangrena me hão toucado,
Comendo-me as raízes dos cabelos;

Já os dentes me caíram, amarelos;
Já o meu nariz é um osso cariado;
Já o meu sexo é um trapo amarfanhado;
Já o meu ventre são bichos aos novelos;

Já as minhas carnes moles despegaram,
Já a língua inútil se me apodreceu;
Já a terra se fendeu por me aceitar;

Já milhões de pés vivos me pisaram;
Filho do pó, já o próprio pó sou eu...
Mas, ao terceiro dia, hei-de acordar!


JOSÉ RÉGIO
(1901 — 1969)

O POETA MORTO

Barbearam-no e vestiram-no de preto,
Calçaram-lhe sapatos de verniz.
Moscas varejas chupam-lhe o nariz,
E ele mantém-se pálido e correcto.

Cheira a cera no quarto, já repleto
Do que há de mais distinto no país:
... Um general, dois lentes, um juíz...,
Com ar triste, imbecil, grave e discreto.

Logo, os críticos sérios e carecas
Folhearão no pó das bibliotecas
Um livro caluniado enquanto vivo

Esse a quem chamam hoje ilustre e augusto
Porque... porque ele, agora, é inofensivo
Como qualquer estampa ou qualquer busto!


JOSÉ RÉGIO
(1901 — 1969)

segunda-feira, 5 de março de 2007

DA VIDA PRÁCTICA

Alguém me sabe explicar porque é que a minha ligação de acesso telefónico à internet está sempre a cair? Se, além da explicação, me conseguirem resolver o problema, agradeço; andaram já para aí vários especialistas (alguns encartados até), mas não passou tudo da cêpa torta. Enfim, Portugal no seu melhor. E vou-me já embora, que esta coisa acabou de ir abaixo outra vez!
[Nota: Dizem-me por e-mail, uns revisores ortográficos anónimos, que práctica não tem "c". Agradeço a atenção, mas as minhas opções ortográficas resultam de ponderação e — mais do que tudo — da leitura de livros antigos e sábios, de preferência de primeiras edições em vida dos autores — e da primeira metade do século XX para trás. Mas, sugiro que se apresentem nos jornais, que eles andam necessitados desses — e outros — serviços públicos. Bon voyage!]

BELEZA É FUNDAMENTAL

O artista deve nascer belo e elegante; pois quem venera a beleza, ele próprio, não deve ser feio. E para um artista será certamente uma terrível dor não lograr descobrir em si mesmo aquilo que tanto se esforça por alcançar. Olhando para o retrato de Shelley, Keats, Byron, Milton ou Poe, quem poderá estranhar que tenham sido poetas? Todos foram belos, todos foram amados e admirados, e no amor, tanto quanto é possível havê-lo num qualquer poeta ou mesmo em qualquer homem, todos tiveram ardor de vida e júbilo celeste.
FERNANDO PESSOA
(1888 — 1935)
[Nota: Traduzido do Inglês.]

A DREAM

In visions of the dark night
I have dreamed of joy departed —
But a waking dream of life and light
Hath left me broken-harted.

Ah! what is not a dream by day
To him whose eyes are cast
On things around him with a ray
Turned back upon the past?

That holy dream — that holy dream,
While all the world were chiding,
Hath cheered me as a lovely beam
A lonely spirit guiding.

What thought that light, thro' storm and night,
So trembled from afar —
What could there be more purely bright
In Truth's day-star?

EDGAR ALLAN POE
(1809 — 1849)

ARE YOU READY TO BE HEARTBROKEN?...



«Roads», Portishead.

Ao vivo, em Nova Iorque, em 1997.

domingo, 4 de março de 2007

UNIVERSALIDADE LUSÍADA

Diz-me agora o contador cá de casa que os últimos cem leitores deste pequeno blogue lusitano são de Portugal, China, Reino Unido, Estados Unidos da América, Brasil, África do Sul, Austrália, Perú e França.
Sejam bem-vindos e estejam à-vontade, que a hospitalidade é mesmo só o que resta nesta ocidental praia lusitana.

IMAGENS-EM-MOVIMENTO-EM-ESCRITA-AUTOMÁTICA-DE-PRIMEIRO-GRAU-DE-2005-2006

Lumière-Méliès-Edison-Griffith-Vertov-Eisenstein-Murnau-Lang-Sjöstrom-Stiller-Gance-Renoir-Hitchcock-Dalí-Rossellini-De Sica-Visconti-Fellini-Dreyer-Pabst-Kazan-Coppola-Riefenstahl-Scorsese-Wong-Truffaut-Bergman

LUTA GRECO-ROMANA

Nada há de menos latino que um português. Somos muito mais helénicos — capazes, como os gregos, só de obter a proporção fora da lei, na liberdade, na ânsia, livres da pressão do Estado e da Sociedade. Não é uma blague geográfica o ficarem Lisboa e Atenas quase na mesma latitude.
FERNANDO PESSOA
(1888 — 1935)

IMAGENS-EM-MOVIMENTO-EM-ESCRITA-AUTOMÁTICA-DE-SEGUNDO-GRAU-DE-2006-2007

Chaplin-Wilder-Ray-Kurosawa-Tarkovsky-Rohmer-Allen-Antonioni-Bresson-Lynch-Ford-Altman-Capra-Kubrick-Buñuel-Godard-Jarmusch-Powell-Malle-Chabrol-Pasolini-Tati-Oliveira

sábado, 3 de março de 2007

MAIS MÚSICA PARA HOJE



«Blue Moon» — Clássico da música popular escrito por Richard Rodgers e Lorenz Hart em 1934.
Interpretado aqui por Cybill Shepherd e Bruce Willis no episódio «The Dream Sequence Always Rings Twice» da série televisiva Moonlighting.

MÚSICA PARA HOJE (0)

«Clair de Lune» , Claude Debussy (Violino: David Oistrakh).

DA QUIETUDE ROMÂNTICA

Nascer da Lua no Mar, c. 1822
CASPAR DAVID FRIEDRICH (1774 — 1840)
Óleo sobre Tela, 55 x 71 cm
Berlim, Nationalgalerie,
Staatliche Museen zu Berlin — Preussischer Kulturbesitz, Berlim.

DEUTSCH

Perante a declaração da minha vontade de aprender a Língua Alemã, certo amigo — homem do mundo e com mundo, de vasta cultura, sábio à antiga, viajado e dominador de Línguas — disse, de chofre: «— Não se meta nisso. Você já não tem idade.» Repliquei: «— Desculpe, mas tenho só quarenta anos...» Rematou: «Pois são precisos outros tantos para aprender Alemão, e Você já não os terá.» Fiz silêncio, por respeito, e fiquei a pensar naquilo; de tal forma que esta breve troca de palavras ainda hoje ecoa do fundo do meu arquivo mental.
Posto isto, cá estou eu pronto para me lançar na aprendizagem de tão hermético Idioma. Será uma prioridade, neste ano de 2007; e, até já selei compromisso virtual — mas muito real — com pessoa de uma só palavra e firmes determinações: quando nos encontrarmos, testaremos os nossos avanços germânicos, feitos paralelamente, mas, em quadrantes diferentes. Nós por cá, todos mal, que já tenho companhia para a empreitada, mas falta-nos Mestre.

sexta-feira, 2 de março de 2007

LET THERE BE LIGHT


Take me out tonight
Where there's music and there's people
And they're young and alive
Take me out tonight
Because I want to see people
And I want to see life
And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Is such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure - the privilege is mine
Take me out tonight
Take me anywhere
I dont care
I dont care
I dont care
Take me out tonight
Oh, take me anywhere
There is a light and it never goes out

[Nota: Excerto e adaptação da letra «There Is A Light That Never Goes Out» dos The Smiths.]

AVISO AOS LEITORES POR CAUSA DOS TEMAS

No outro dia, telefonaram-me para casa a sugerir que agrupasse os postais deste meu blogue pessoal por temas. Agora, parece até que o Blogger disponibiliza uma ferramenta chamada «Marcadores», para essa função. Não quero nada disso. Cada leitor encaixa o que leu onde quiser, de acordo com a sua cabeça — que é única e irrepetível. Mas, para quem precisa de ajuda, digo já: o antepenúltimo postal é sobre a Amizade — a verdadeira, pura, eterna, invisível e permanente, que renasce das cinzas após um chamamento.

TALENT DE BIEN FAIRE

«Talent de bien faire»: executar todos os actos da vida, e sobretudo todos os actos da Vida Superior, com a máxima perfeição (bien faire) e inteligência (talent).
FERNANDO PESSOA
(1888 — 1935)

DESMONTANDO CHAVÕES — RASGANDO CLARÕES

Um chavão — um nome assim tão feio... — só pode servir para ser desmontado, e banido. Dizem os entendidos, em sociologia, e outras ciências modernaças à brava, que as amizades devem ser cultivadas. Bonito; tocante, até. Mas: não, não é. As relaçõezinhas interesseiras — mas nada interessantes — talvez se pautem por essa bitola pequeno-burguesa, aviada na cartilha das boas maneiras de bolso, para arrivistas. Por outro lado, ou melhor: mais acima, as pessoas — a gente que (ainda) é gente — não precisam de conselhos para se relacionarem. É mesmo aqui, cá para mim, et pour cause, que os melhores vêm ao de cima — destacando-se da turbamulta —, distinguindo-se pelo génio intuitivo dos seus carácteres.
Assim, só aos totalmente livres de grilhetas conformistas é acessível retomarem conversas entre iguais, com pessoas semelhantes, em que arde por dentro, desde sempre, a mesma chama. E chama não rima com chavão, mas sim com chamamento. Se essas pessoas, por azar, não trocarem palavras entre si, há vinte anos, ainda para mais não se vendo, apartadas pela distância, mas — subitamente, num repente! — houver um clique, e, um interruptor reabrir os canais de comunicação que para sempre pareciam vedados, ou até rasgar outros e novos caminhos, e a conversa começar a fluir, como que por milagre, jorrando as palavras da mesma forma que correm os rios por entre as florestas virgens... — então, aí, saberemos que a regeneração existe e está ao alcance do homem superior. Faz parte, no entanto, dos mistérios da criação, pois pertence esta matéria à ordem dos insondáveis acasos, vedados às explicações da razão humana. Saibamos receber estes momentos especiais como dádivas que nos ajudam a iluminar essa noite escura que o lado mais sombrio da nossa existência terrena é. Sigamos a estrada. Não tenhamos medo.

quinta-feira, 1 de março de 2007

MAIS DO MESMO



«Jennifer She Said», Lloyd Cole & The Commotions.

BOM DIA (1)



«Sentimental Fool», Lloyd Cole.

ASSIM NÃO VAI LÁ

Cruzo-me com gente sonâmbula nas ruas da minha cidade e não acredito que sejam estes os descendentes dos marinheiros e poetas que rasgaram os oceanos. Alguém cá veio — do espaço — à surrelfa — de noite, essas coisas fazem-se de noite... — e substituiu os portugueses por robots irracionais e inanimados.

ASSIM NÃO DÁ

Quer um homem ser elitista e discreto, mas, diz-me o contador cá da casa — instalado ali ao lado — que este diário secreto teve mais de mil e cem visitas neste curto mês de Fevereiro. E eu a pensar que estas conversas em família só interessavam para aí a meia dúzia de carolas... Afinal, tenho o povão todo à perna...!